Rita Mundim: a economista apaixonada pelo cooperativismo

“Quando você defende aquilo que acredita e gosta, faz isso sempre com naturalidade”. A frase da economista Rita Mundim, 63 anos, revela não só a paixão nutrida pelo cooperativismo, mas também a facilidade em difundir e dar visibilidade a um modelo de negócio que prioriza as pessoas e que busca justiça social. Pelo trabalho consistente de divulgação do movimento, ela recebeu o título de Influenciadora Coop, em votação popular realizada pelo Prêmio SomosCoop Melhores do Ano. Rita — a única mulher do trio de personalidades que recebeu a honraria — foi a mais votada.

É uma honra, mas também é uma responsabilidade. Tenho uma função de mais responsabilidade na inspiração das pessoas e na visibilidade do cooperativismo”, revela. “Quando você acredita em uma coisa, você passa a amar e a defender aquilo. Tanto com o cooperativismo quanto com a economia é assim”.

Sede de conhecimento, habilidade em ensinar e interesse pelo que é novo são características que a nossa influenciadora carrega desde cedo. As escolhas profissionais mostram um pouquinho disso. Ela chegou a fazer duas faculdades simultaneamente. Primeiro foi o Jornalismo e logo se apaixonou pelas disciplinas de economia oferecidas no curso. Passou, então, a cursar Economia também.

O objetivo inicial era ser uma jornalista especializada em economia. A falta de tempo — já que também trabalhava como professora de inglês — e as limitações financeiras acabaram fazendo ela optar por continuar apenas a graduação de Economia na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).  Mas é só olhar para tudo o que ela faz atualmente para perceber que todo o desejo e empenho da juventude, aliados à vocação para transmitir informações, acabaram levando Rita para um caminho repleto de possibilidades.

MULTITAREFAS

Especialista em mercado de capitais, comentarista econômica na Rádio Itatiaia, colunista do jornal De Fato Online, professora na Fundação Dom Cabral, palestrante, consultora e administradora de Carteira de Valores Mobiliários. Rita é tudo isso e muito mais! “Nunca tive só uma atividade. Sempre tive várias. Faço muito de tudo, graças a Deus”, conta.

Solteira, ela considera cada sobrinho e sobrinha seus filhos.  Paixão? Teve várias, mas três têm espaço cativo no coração: o Galo (Atlético Mineiro), o rádio e o cooperativismo.

A paixão pelo nosso movimento é antiga. Surgiu há quase 20 anos, quando ela foi convidada pelo Sistema Ocemg para capacitar cooperativas de crédito a operarem no mercado de capitais. Dedicada a entender melhor os novos clientes, ela se debruçou sobre o nosso universo, acreditou no que viu e passou a difundi-lo espontaneamente, desde então.

As cooperativas ficaram sabendo do meu curso [que auxiliava em uma certificação] e eu fui procurada para levar essa solução para elas”, lembra. “E foi a minha sorte! Eu entrei no cooperativismo e conheci as cooperativas. Mesmo sendo economista, não conhecia esse maravilhoso mundo. Então, me apaixonei”, declara, entusiasmada.

Hoje, o cooperativismo está presente na vida de Rita de várias formas. E, por causa da especialista, chega a tantas outras vidas também. Além de ser cooperada do Sicoob, ela ministra palestras sobre estratégias econômicas para vários ramos de cooperativas; aborda o assunto em suas análises e comentários econômicos nos veículos de comunicação; além de difundir o setor para o público que ainda não conhece o modelo e estimular que façam negócios com cooperativas.

Toda essa dedicação levou Rita a ser agraciada com o título de Influenciadora Coop, na última edição do Prêmio SomosCoop – Melhores do Ano. “Eu me defino como uma pessoa apaixonada pelo trabalho e apaixonada por fazer o que gosto. E graças a Deus sempre fiz o que eu gosto”, revela.

LIGADA NA TOMADA

Crédito: Blog Sicoob Credpit

A jornalista Juliana Magalhães, que acompanha Rita há mais de 25 anos como sócia, é testemunha de todo empenho e dedicação que pautaram a vida da mineira. “Ela vive o trabalho dela e todos os projetos de uma forma muito intensa. As pessoas que trabalham com a Rita já sabem que ela é ligada no 220V. Adora trabalhar. Não tem hora para começar nem para terminar”, conta.

O resultado não podia ser diferente: a especialista tem um grande reconhecimento em Minas Gerais e no país pelo trabalho que desempenha e por sua credibilidade.

Ela é extremamente meticulosa, exigente. E principalmente: a maior qualidade dela é ser uma professora nata. Por ser muito inteligente, Rita tem um conhecimento muito amplo de tudo. Ela não retém o conhecimento para si, faz questão de repassar o que pensa e as experiências, de compartilhar o ponto de vista”, acrescenta.

O dom de ensinar e a vontade de aprender sempre mais são marcas da especialista. Assim que ela saiu da faculdade, foi convidada para dar aulas sobre mercado de capitais na Fundação Dom Cabral. À época, também foi trabalhar na bolsa de valores e em corretoras. Depois, fez mestrado em administração e duas especializações: em mercado de capitais e ciências contábeis.

A descoberta sobre o mundo cooperativo, sua visão de mundo e valores, entretanto, trouxe um verdadeiro sentido para a vida de Rita. Não à toa, ela sempre se refere ao cooperativismo como uma paixão. Para a especialista, esse é o modelo de organização econômica e social ideal e representa uma verdadeira ponte entre o comunismo e o capitalismo.

O comunismo quer distribuir, mas o que ainda não foi produzido. O capitalismo produz com muita eficiência, mas o capitalismo selvagem está criando grandes empresas e um prejuízo social. E a gente tem, no meio do caminho, o cooperativismo que reúne as pessoas para produzir e reparte aquilo que foi ganho. Então, na minha visão, é o modelo de produção viável para planeta e seres humanos”, afirma.

Para ela, nosso jeito de fazer negócios é repleto de vantagens por priorizar a melhoria de vida das pessoas e não o lucro pelo lucro. “Uma SA [Sociedade Anônima] de capital aberto reúne dinheiro e as cooperativas, não. Elas reúnem pessoas para produzir e depois distribuir o resultado dessa produção. A SA tem os sócios que não necessariamente são clientes. Nas cooperativas, não: são os cooperados que tocam o próprio negócio”, exemplifica.

A DONA DA VOZ

A voz de Rita em defesa do cooperativismo e daquilo que acredita ecoa – literalmente – nos quatro cantos do país. E vai além. Ela já foi reconhecida até na cidade norte-americana de Boston. “Fui a um mercado e o pessoal me reconheceu pela voz”, diverte-se. O fato mostra um pouco da audiência e penetração da Rádio Itatiaia, que é uma das maiores emissoras radiofônicas do país. “É principalmente por meio dela que dou voz ao cooperativismo. Sempre elogio o Dia C [o Dia de Cooperar] e eventos que as cooperativas produzem nas comunidades”, conta.

Nas análises e palestras, ela trata da dinâmica do mercado financeiro. “Como mexo com mercado de capitais, tenho que entender de mercado financeiro”, explica. E, sem falsa modéstia, admite: “Sou boa nisso. Eu gosto muito de tratar cenários, o que vai acontecer com o país ano que vem, o que pode acontecer se o juro cair ou subir. Eu ministro palestras no país inteiro sobre macroeconomia principalmente. Com essa paixão tenho aplicado muito meus conhecimentos para o cooperativismo e ressaltando para todo mundo como o cooperativismo é aderente aos valores do século 21”, conta.

Apesar de a primeira cooperativa ter nascido no século 19, os principais valores que norteiam o movimento estão cada vez mais atuais:  transparência, solidariedade, igualdade, responsabilidade, empatia e interesse pela comunidade.

Passamos praticamente um século [o século 20] sem um crescimento tão grande do cooperativismo e com uma destruição imensa do planeta”, lamenta.

Ainda segundo ela, outro argumento irrefutável sobre a importância desse modelo econômico está no fato de que comunidades com cooperativas possuem Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) maior do que aquelas que não têm. “E acho que o cooperativismo vai ter um crescimento muito grande nos próximos anos em função dessa aderência dos princípios cooperativistas aos valores deste século”, projeta. “Descobrimos, tardiamente, que a coisa mais importante que existe no planeta são as pessoas. Essas pessoas precisam ser capacitadas, essas pessoas precisam ser respeitadas, tanto socialmente quanto ambientalmente.”

Todo esse discurso não está só na teoria, na vida de Rita. Segundo a jornalista Juliana Magalhães, que convive com a economista diariamente, nossa influenciadora coop realmente tem uma ligação forte e genuína com o nosso modelo de negócios.

“Ela é uma entusiasta de fato. Desconheço alguém que fale com tanta verdade, com tanta sinceridade e com tanto amor sobre o cooperativismo. Ela realmente acredita nos princípios cooperativistas e ela leva isso para a vida profissional. Houve uma sinergia muito grande entre a Rita e o cooperativismo”, avalia.

PREMIAÇÃO

Arquivo pessoal

Ser escolhida como influenciadora pelo voto popular deu a Rita uma dimensão do reconhecimento de seu ofício junto ao cooperativismo. “Primeiro, me senti honrada pela indicação. Isso já foi um prêmio. Depois descobri a força do cooperativismo pois foi uma votação popular, construída. Então, o prêmio não é meu, mas de uma coletividade que votou no meu trabalho. É assim no cooperativismo”, ressalta.

Para Ronaldo Scucato, presidente da Ocemg — entidade que fez a indicação de Rita ao Prêmio SomosCoop Melhores do Ano (veja matéria da página XX)— a sugestão do nome da economista foi fruto da admiração de todo o sistema mineiro pelo trabalho sério e competente realizado por ela.

Rita passou a fazer análises de cenário econômico, considerando não apenas o cooperativismo de crédito, mas os resultados desse segmento para a sociedade. Hoje, ela tem grande representatividade junto às cooperativas mineiras e do Brasil, repercute nossos propósitos e é uma defensora nata do cooperativismo”, ressalta Ronaldo. “Por isso, a nossa escolha e nossa indicação: por entender que ela atendia a todos os requisitos da categoria e com louvor”.

O resultado da premiação não foi uma surpresa para o presidente da Ocemg. “Ela realmente acredita em nosso segmento e é uma incansável defensora, além de parceira, de nossas atividades. Consideramos muito merecido que ela tenha sido a Influenciadora Coop mais bem votada do país, numa disputa por votação popular com 33 concorrentes de notória credibilidade”, explica Ronaldo.

Apesar de a honraria ter chegado em tempos de pandemia, Rita já traça planos para continuar representando o cooperativismo no futuro. “Eu quero fazer algo planejado para que eu consiga tratar as pautas relevantes do cooperativismo de uma forma ainda mais intensa do que eu vinha fazendo até aqui”, planeja.


Esta matéria foi escrita por Tchérena Guimarães e está publicada na Edição 32 da revista Saber Cooperar. Baixe aqui a íntegra da publicação

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