O futuro não está escrito (mas você precisa estar preparado para ele)

Como você visualiza o futuro? Com carros voadores e máquinas substituindo humanos nas suas principais funções? É verdade que a tecnologia vai participar do nosso cotidiano de uma forma cada vez mais orgânica, mas pensar o futuro - inclusive do nosso negócio - pode e deve ser bem mais simples do que teorias e previsões mirabolantes. O poder está muito mais nas nossas mãos do que no campo da ficção científica. 

Essa é a principal inspiração trazida pelo publicitário Fábio Seidl, diretor global de Desenvolvimento Criativo da Meta, nova marca do Facebook, em conversa com os participantes da Semana de Competitividade, promovida pelo Sistema OCB. Fábio veio até o Brasil para participar do evento e inspirar cooperativas a imaginar e planejar o futuro, que está sendo escrito por cada um de nós, agora. 

Fábio Seidl, diretor global de Desenvolvimento Criativo da Meta

Seidl já trabalhou nas principais agências de publicidade do Brasil, com trabalhos premiados mundialmente. Hoje, na sede da Meta em Nova Iorque, é responsável por campanhas globais para marcas como Facebook, Instagram, WhatsApp, Messenger e Quest.  Em sua palestra, o profissional abordou o que chama de futuro planejado, aquele pelo qual somos responsáveis, mas que também depende de fatores externos - os quais não é possível controlar, mas sim nos adaptar.

A gente tem em mente que o futuro é algo que depende dos outros, de empresas. Mas isso não é bem assim”, provocou. 

Para incentivar os presentes a pensar o futuro dos seus próprios negócios e do cooperativismo, Seidl compartilhou cases e resultados de campanhas em que trabalhou para mostrar que desenhar nossos passos é mais simples do que parece - e destacou para isso a importância da colaboração. “Eu trabalho na área de inovação e tudo que a gente faz para planejar o futuro é uma grande colaboração, sem ela o futuro não existe”. 

Seidl elencou cinco conceitos para escrever o futuro com as pessoas, as cooperativas e as ideias. “O futuro será como você o fizer. Então, façam um bom”. Confira!

1. A melhor maneira de prever o futuro é a imaginação

Diversas ferramentas que estão presentes facilitando muito o mundo de hoje foram, antes de se tornarem concretas, imaginadas. Parece uma constatação óbvia, mas a ideia encontra exemplos muito práticos no cinema e no entretenimento. O computador de uso pessoal, antes mesmo de ser inventado em 1975, já existia nas séries de TV como Batman, em que o herói usava o Batcomputador para armazenar dados sobre a população de Gotham City e, com eles, ter mais uma ferramenta de combate ao crime. Ou mesmo os personagens dos desenhos Jetsons que em 1962 já faziam videochamadas, tinham robôs que limpavam a casa e usavam relógios que funcionavam como dispositivos de comunicação - tudo materializado na nossa rotina hoje.  Use a imaginação para prever o futuro que deseja construir. 

2. Quanto maior a oferta por Inteligência Artificial (IA), maior será a demanda por Inteligência Natural

Não é necessário ter medo dessa tecnologia, que já está presente nas tarefas mais simples do cotidiano, como aplicativos de entrega que funcionam a partir de dados organizados por IA.  “Máquinas são ferramentas, sem talento e colaboração, nada vai ser feito”, aponta Seidl. O diretor da Meta destacou que a “inteligência natural” é um dos pontos fortes do brasileiro pela capacidade de adaptação e criatividade. E, para além da tecnologia, as coops precisam investir na inteligência natural, ou seja, nos talentos dos seus colaboradores e cooperados. 

Seidl citou o poder dos creators, ou criadores de conteúdo, e dos influenciadores digitais na nossa cultura contemporânea como mais um exemplo da inteligência natural. Ele lembrou do baiano Iran Alves, criador do perfil Luva de Pedreiro na internet, que tornou-se um fenômeno mundial entre os torcedores de futebol e assinou contratos com grandes marcas como Adiddas.

O  talento está aí, basta encontrar as ferramentas para viabilizar a comunicação e a colaboração para o futuro acontecer”. 

Iran Alves, criador do perfil Luva de Pedreiro na internet

3. O futuro sem diversidade é só um retrocesso ao passado

Incluir o tema da diversidade no planejamento dos negócios, segundo Fábio, não tem a ver com “lacração”, gíria utilizada para definir quem quer aparecer nas redes sociais, mas com resultados. “O mundo é de todo mundo e a gente precisa tratar com respeito e ser inclusivo. Mas, mais do que isso. É bom para o negócio”, defendeu. Ele apresentou os resultados da campanha Adds for Equality (Anúncios pela igualdade, em tradução livre), da Meta, que comprovou que as propagandas protagonizadas por personagens mais diversos - como mulheres dirigindo em uma propaganda de carros, por exemplo - performavam  melhor com o público. O mesmo foi verificado em relação à raça, diversidade de corpos e orientação sexual. 

É fundamental a adesão às ideias de empatia, inclusão e diversidade na sua cooperativa. Mostre que você é um lugar aberto para todos, você vai fazer um futuro melhor para todo mundo”, definiu. Ele destacou ainda que o engajamento das marcas com as comunidades precisa ir além das datas como Dia da Mulher, da Consciência Negra ou do Orgulho LGBTQIA+. “A dica que eu tenho para fazer cooperativas mais inclusivas é trabalhar com as comunidades, traga ela para co-criar com você, senão você vai fazer uma coisa que está desconectada. E quem faz parte dessa comunidade enxerga a quilômetros de distância que isso não é autêntico”, apontou. 

4. O futuro é só uma outra palavra para oportunidade

“Quando você vira essa chave na sua cabeça, você vai ficar bem mais tranquilo em relação ao futuro, seja da sua carreira ou da sua cooperativa. É só você pensar: o que eu vou fazer, em colaboração com as pessoas, para transformar essa oportunidade em negócio?”, definiu Seidl. 

O diretor da Meta lembrou que a migração para o mundo digital pode transformar as oportunidades de um negócio e transformá-lo de “invisível” para conhecido e consumido. Ele destacou que as grandes empresas de tecnologia, seja a Meta, o Google ou Amazon, oferecem ferramentas e treinamento gratuitos para impulsionar um negócio nas plataformas digitais. Seidl incentivou as cooperativas a organizarem seus times e fazerem essa transformação.

 5. No futuro, o ‘extra’ do extraordinário virá da criatividade coletiva

Por fim, Seidl destacou um dos valores que está no DNA do cooperativismo: o trabalho coletivo. Para ele, é fundamental a união de forças e inteligências para construir os novos futuros.

É impossível viver sozinho. A ação de outras pessoas é necessária para andar pra frente e tomara que essas pessoas estejam com a mesma energia positiva que você.”  Invista no diálogo, nas relações horizontais dentro da organização e na construção coletiva de um futuro melhor para todos. 


Esta matéria foi escrita por Amanda Cieglinski e está publicada na Edição 39 da revista Saber Cooperar. Baixe aqui a íntegra da publicação


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