Cooperativismo sustentável
Do Sul para o Sudeste, também encontramos iniciativas promissoras de ESG. Com a experiência de projetos sustentáveis pioneiros em diferentes ramos e ancorados por especialistas, o Sistema Ocemg, de Minas Gerais, está seguindo a direção de mapeamento de ações bem-sucedidas e de organização dos resultados alcançados.
Segundo Andrea Sayar, gerente de Educação e Desenvolvimento Sustentável do Sistema Ocemg, o vínculo do cooperativismo mineiro com a temática ESG é antigo e teve seu lançamento em 2009, no Dia de Cooperar, o Dia C, idealizado justamente para organizar e divulgar as iniciativas de responsabilidade socioambiental desenvolvidas pelas cooperativas do estado.
A Ocemg foi também a primeira Unidade Estadual do Sistema OCB a se tornar signatária do Pacto Global da ONU. Atualmente, o Casa do Cooperativismo Mineiro tem representação nos principais fóruns que não só debatem, mas realizam ações pautadas nos princípios do ESG, tais como Rede Brasil 2030, Movimento Minas 2032 e Hub ODS Minas.
No bojo dessas iniciativas, o Sistema Ocemg está em pleno processo de elaboração do seu primeiro relatório de sustentabilidade, pautado nas melhores práticas nacionais e internacionais, como o GRI, Pacto Global, Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e outros.
Andrea acredita que cada uma das questões propostas para a construção do conteúdo do relatório aponta para oportunidades de melhoria nos processos de registro, para fins de evidenciação de cada iniciativa e dos resultados gerados. E acrescenta: o documento propiciará uma reflexão sobre oportunidades de melhorias nos programas atuais e de inovação e desenvolvimento de novos programas e metodologias passíveis de serem realizadas pela entidade em conjunto com as cooperativas.
“É importante que as cooperativas compreendam que, para a maioria dos municípios mineiros, elas são o epicentro do desenvolvimento local e serão elas os agentes de transformação e prosperidade local e do estado”, comenta Andrea Sayar.
Na avaliação da gerente, o principal desafio do Sistema Ocemg, atualmente, é gerar nos dirigentes a consciência de que políticas de ESG é mais uma opção. “Elas devem fazer parte da estratégia de cada cooperativa, sendo abraçadas e patrocinadas pelas lideranças, e elevadas ao mesmo nível de relevância das políticas de gestão financeira, marketing, e outras”, disse.
TROCA DE EXPERIÊNCIAS
Na região Centro-Oeste também começam a pulsar iniciativas de fortalecimento da pauta ESG. Entre as iniciativas de destaque, está a primeira edição do curso ESG na Prática, lançado pelo Sescoop Goiás.
A primeira turma teve a participação de 32 colaboradores de oito cooperativas de diferentes ramos. O curso teve 12 horas e meia de treinamento, em cinco encontros de duas horas e meia. A instituição de ensino que ministrou o treinamento foi a ESPM.
A iniciativa do curso surgiu no Comitê de Sustentabilidade e Efetividade, criado em 2020, que identificou a necessidade de aprimorar o entendimento sobre o tema e fazer um mapeamento da aplicação dos princípios entre as cooperativas do estado.
“As cooperativas não tinham conhecimento sobre o tema e esse curso deu uma abordagem mais histórica e conceitual sobre o ESG. Apesar do nome sugerir na prática, a gente trouxe muitos conceitos nesse treinamento, as cooperativas tiveram a oportunidade de se integrarem e fazer cases”, explicou Karla Mello, integrante do Comitê e coordenadora do curso.
Assim como a Ocepar, o grupo de Goiás quer estruturar as ações que convergem com ESG em termos mais sistêmicos. O Comitê está estudando a possibilidade de lançar novas etapas do curso e atrair outras cooperativas.
“ESG é um assunto muito extenso. Temos programas de reciclagem de lixos sólidos, economia de materiais didáticos, temos um programa interno, o programa Olé que é focado em organização e limpeza. Mas são programas pontuais da instituição, mas o ESG estruturado ainda não temos implementado. Então, o curso foi a primeira iniciativa focada no cliente externo e interno”, complementa a secretária do Comitê
Esta matéria foi escrita por Débora Brito e está publicada na Edição 39 da revista Saber Cooperar. Baixe aqui a íntegra da publicação