Catalisador de resultados

Harry e Eledir são verdadeiras inspirações dentro de suas cooperativas. À sua maneira, cada um deles conquistou a confiança e o respeito de cooperados e colaboradores, tendo muito a ensinar sobre liderança no cooperativismo. O primeiro comanda uma gigante do agronegócio catarinense, ; a segunda é diretora de uma coop de Trabalho paulista; e o terceiro preside uma cooperativa de crédito no em Mato Grosso. O que eles têm em comum? A convicção de que, no coop, o melhor líder é aquele que melhor serve às pessoas. 

Firme no propósito de identificar as principais características de uma liderança cooperativista, a equipe da Saber Cooperar conversou com os palestrantes da Semana de Competitividade, realizada em agosto pelo Sistema OCB, e com lideranças de três cooperativas brasileiras. O resultado foi um perfil completo do que é preciso para ser um líder coop. 

O primeiro entrevistado foi o presidente da Cooperativa Regional Agropecuária Vale do Itajaí (Cravil), em Santa Catarina, Harry Dorow. Ele foi direto ao ponto ao definir o papel de um líder dentro de uma cooperativa:  “o bom líder saber ouvir, é correto, tem atitude e humildade suficiente para trabalhar em equipe”.

Harry Dorow, presidente da Cooperativa Regional Agropecuária Vale do Itajaí (Cravil)

Os cargos de liderança foram feitos para quem sabe acompanhar o trabalho de gestão e ver se ele está de acordo com o que o cooperado espera e com aquilo que o mercado consegue absorver”, explica.

Dorow lidera, hoje, uma equipe de cerca de mil colaboradores e mais de quatro mil associados. É ele quem zela pelos resultados das 37 lojas agrícolas e supermercados da Cravil, bem como das 17 unidades de recebimento e beneficiamento de cereais e leite, e da fábrica de ração da cooperativa. 

“Os líderes precisam estar em constante processo de aprendizado, buscando se atualizar sobre os assuntos de sua área de atuação. E, nos dias atuais, isso é cada vez mais exigido. Um líder desinformado não pode continuar à frente de uma cooperativa”, ensina.

Audacioso, Dorow sabe que o futuro do coop depende das decisões tomadas no presente. Por isso, o próximo grande investimento da Cravil será a construção de uma Unidade Multifuncional que abrigará um Polo Tecnológico, uma área de recebimento, secagem e armazenagem de cereais; armazenamento e centro de distribuição de insumos agrícolas; e uma fábrica de ração para linha Pet.

“Esse é um projeto para os próximos três anos, e é assim que os próximos 50 anos serão construídos, com um passo de cada vez”, conclui.

PORTO SEGURO

Eledir Pedro Techio,presidente do Sicredi Ouro Verde.

Em outro canto do Brasil, mais especificamente  no estado  de Mato Grosso, outra liderança do coop explica: um bom líder é um porto seguro, no qual as pessoas sabem que podem confiar. A afirmação é de  Eledir Pedro Techio, 61 anos, presidente do Sicredi Ouro Verde.

“Um líder deve ter coragem, empatia, respeito à diversidade e, principalmente, uma mente sempre pronta a aprender com humildade e humanidade. Esses pontos são excelentes e necessários na caminhada de um líder, porque, ao mesmo tempo que ele tem a responsabilidade de formar e preparar outras pessoas na carreira, ele acaba se desenvolvendo”, ensina o gestor, pós-graduado em finanças corporativas.

Na visão de Eledir, que foi diretor e vice-presidente da Organização das Cooperativas Brasileiras em seu estado (OCB-MT), uma grande capacidade e uma das mais importantes de um líder no cooperativismo é a do “saber desaprender para reaprender”. 

O conhecimento não é algo petrificado, ; é sólido, sim, mas muda a todo momento, e temos que estar atentos às mudanças e novidades que o mundo traz”, afirma. Ele defende que os líderes precisam aprender sobre as novas tecnologias, bem como sobre todas as atividades  da cooperativa, e passar esse novo conhecimento adiante. “Ao compartilhar o conhecimento, estamos multiplicando o bem comum a todos.”

Sob a liderança de Eledir, o Sicredi Ouro Verde tem ajudado a melhorar a vida financeira de mais de 120 mil cooperados, e ainda impacta positivamente a comunidade na qual está situada. No último ano, a cooperativa impactou mais de 64 mil alunos e mais de quatro mil professores, em 183 escolas, nos 15 municípios em que atua, por meio do programa A União Faz a Vida, que leva a cultura cooperativista para dentro da sala de aula. Também formou quase 16 mil pessoas em educação financeira e outras 7.600 em educação cooperativista. 

Um líder cooperativista age com sabedoria, equilíbrio e empatia, sempre pensando no bem maior, que é comum a todos em volta. Dentro do cooperativismo, dizemos que não tem classes, nem sexo, nem etnias que separa as pessoas. Somos todos um só, cada qual com suas qualificações e desafios pessoais. Uma pessoa adepta à liderança está sempre pronta a apoiar e ajudar o próximo a crescer e se desenvolver em todos os aspectos da vida”, ensina.

Outra característica de Eledir define bem o papel de um líder cooperativista: a capacidade de unir as pessoas em torno de um objetivo comum. “A proximidade entre os colaboradores dentro da cooperativa acontece naturalmente quando há um sentimento de pertencimento, um propósito maior que une as pessoas. Quando se tem isso bem claro, automaticamente as pessoas se sentem motivadas no trabalho, que acaba se tornando algo prazeroso acima de tudo”, esclarece. 


Esta matéria foi escrita por Freddy Charlson e Guaíra Flor e está publicada na Edição 39 da revista Saber Cooperar. Baixe aqui a íntegra da publicação


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