Sistema organiza concorrência, diz cooperado mais antigo do Brasil

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Curitiba (4/6) – Quando Willen de Geus nasceu, na primavera de 1925, a organização que deu origem à cooperativa Batavo completava um mês de vida. O filho de imigrantes holandeses nasceu em Carambeí (Campos Gerais) numa pequena casa de madeira construída ao lado do estábulo onde eram guardadas as vacas leiteiras.

Filho do meio de uma família de 15 irmãos, ele cresceu ouvindo os tios e o pai Leendert falarem em cooperativa. Criou seus nove filhos batendo na mesma tecla. Dos 65 anos como cooperado, 30 anos foram ligados à presidência da cooperativa. O avô de Willen foi um dos precursores da cooperativa.

“O vô Artur chegou em 1911 com mais umas oito ou dez famílias vindas da Holanda. Eles tinham vacas e vendiam queijos e manteiga, mas eram concorrentes. Foi quando viram que, como diz o ditado, a união faz a força, e formaram uma cooperativa”, aponta.

A família de Willen ergueu a primeira casa de alvenaria de Carambeí, que está em pé até hoje, quando o garoto tinha 9 anos de idade. Ele acordava todo dia de madrugada para tirar leite das vacas antes de ir para a escola. “Eu tirava leite com a mão, não tinha essa facilidade que tem hoje”, lembra.

Como não existia luz elétrica, a iluminação vinha de lampiões. Ele voltava da escola e ia direto para o estábulo ajudar os irmãos mais velhos na segunda ordenha do dia. “Meu pai sempre dizia que trabalho não matava ninguém”, conforta-se.

COMEÇO - Aos 24 anos, se casou com Hiltje, que na época tinha 19. Com o casamento, veio a mudança de casa e a formalização como cooperado. A lida com o rebanho leiteiro o fez se interessar cada dia mais pelos negócios da cooperativa. Foi presidente por 21 anos, vice-presidente por mais quatro anos e conselheiro por cinco anos.

Foi na sua gestão que a cooperativa começou a produção da linha de iogurtes. “Foi uma época muito boa, o governo dava muito incentivo”, fala. O cooperado se ressente apenas da venda da marca Batavo, que hoje pertence a Brasil Foods. “Eu senti muito, mas hoje temos a Frísia”, comenta.

PRESENÇA - De jeito alegre e falante, ele diz visitar a cooperativa quase todos os dias para tomar um cafezinho. “Me cumprimentam e me chamam pelo nome, mas às vezes eu nem sei quem é.” Ele mora com a esposa, com quem é casado há 65 anos, e se orgulha da sua trajetória.

 “A geração que vem daquela época é abençoada por Deus, porque viu todas as coisas difíceis e hoje vê a cooperativa desse tamanho”, fala, mostrando o pátio da Batavo. (Gazeta do Povo – Sistema Ocepar)

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