Seca que assola produtores de café no Espírito Santo é tema de reunião no Ministério da Agricultura

Pedido de flexibilização para renegociar dívidas de crédito rural é bem visto por Maggi e segue para reunião do CMN

Brasília (16/8/16) – Em audiência com os ministros da Agricultura e do Planejamento, o presidente do Sistema OCB, Márcio Lopes de Freitas, e representantes do cooperativismo capixaba apresentaram hoje pleito para edição de resolução do Conselho Monetário Nacional, visando a renegociação de dívidas de crédito rural decorrentes da seca no Espírito Santo. No estado, onde 70% da produção de café conilon é irrigada, houve restrição para uso de água em decorrência do baixo volume de precipitação. E a situação não deve ser muito diferente na safra 2017/18, pois as altas temperaturas e o baixo volume de chuvas persistem até agora. Já são mil dias com situação de altas temperaturas e seca.

Segundo Márcio Freitas, com os prejuízos causados pela seca, os produtores de café necessitam renegociar suas dívidas. Como nas cooperativas as principais linhas são repassadoras, é necessário renegociar com as fontes de recurso. Para que essa negociação seja mantida, o entendimento por parte de órgãos como Mapa, MPOG e CMN é fundamental para que haja flexibilizações. E a reunião realizada na manhã de hoje (16/8) no Ministério da Agricultura, em Brasília, resultou em boas expectativas para o setor.

De acordo com o presidente do Sistema OCB/ES, Esthério Colnalgo, a recepção do ministro Blario Maggi reflete o seu conhecimento de causa: “Como produtor rural, o ministro da Agricultura sabe a dificuldade que é produzir a céu aberto. Muita chuva ou pouca chuva sempre é um problema. E não é um problema exclusivo do Espírito Santo: estados do Nordeste, do Sul, do Centro-Oeste já vivem essa realidade há bastante tempo. A receptividade do ministro Maggi nos deixou confiantes de que a chance de dar certo é muito grande”, comentou o dirigente.

Representante do sistema cooperativista de crédito do estado, o Diretor Executivo do Sicoob Central ES, Nailson Bernardina, acrescentou que a bancada em defesa do pleito é formada por parlamentares sensibilizados com a causa, que entendem a gravidade da situação vivida no estado capixaba. “Essa é uma crise hídrica que o Espírito Santo não tem registro há pelo menos 80 anos. Não temos essa vivência nem qualquer preparo. Estima-se uma perda de safra em torno de 40% até o momento.” O Sistema Sicoob é hoje um dos principais agentes de custeio no estado. Se atendido, o pedido de edição da resolução do CMN vai beneficiar “algo em torno de 20 mil contratos e um volume de R$ 859 milhões”, informa Bernardina.

Diversos produtores rurais se juntaram à comitiva que compareceu em Brasília para acompanhar os desdobramentos da solicitação. Junto a eles, o presidente da Coabriel (Cooperativa dos Cafeicultores de São Gabriel), os deputados federais Evair de Melo, Elder Salomão e Marcos Vicente, além do governador do estado – Paulo Hartung.

O Conselho Monetário Nacional tem sua próxima reunião programada para o dia 25 de agosto. Os órgãos competentes já realizaram todo o mapeamento necessário, evidenciando o prejuízo devido à falta de chuvas nesse período. “O que precisamos agora é que o CMN analise esse pleito já endossado pelo ministro Maggi e, com a edição da resolução muito possivelmente no próximo dia 25, temos a expectativa de já abrirmos setembro podendo renegociar as dívidas”, prevê Bernardina. “Essa é a nossa expectativa”, enfatiza.

Ainda de acordo com o representante do Sistema Sicoob, o estado do Espírito Santo é um dos maiores adimplentes no que diz respeito às questões de utilização de recursos federais. “Esse foi um ponto bastante frisado na reunião e que, com certeza, pesa bastante a nosso favor nessa negociação”, finaliza.

A realidade em números - Na região de atuação da Coabriel (Cooperativa dos Cafeicultores de São Gabriel), em São Gabriel da Palha, norte do Espírito Santo, inicialmente a expectativa era colher 1,2 milhão de sacas na safra atual (2016/17). Mas a piora do clima com a seca estendida levou a cooperativa a reduzir a previsão para 800 mil sacas. Agora, com a colheita finalizada, a estimativa é que a produção fique em 550 mil sacas.

Em função do clima, há algumas lavouras de café que não irão produzir na safra 2017/18. Entre as localidades com lavouras nessas condições estão Vila Valério, Jaguaré, São Gabriel e Águia Branca. (Com informações do jornal Valor Econômico de 15/8/2016)

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