Projeto visa melhorar produção de fibras no Amazonas
Produtores de fibra da região Norte do país contarão, em breve, com tecnologia específica para aprimorar o processo de colheita e pós colheita de juta e malva. Fruto de uma negociação envolvendo a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o protótipo de uma máquina “descortiçadora” foi apresentado esta semana na sede da Embrapa Amazônia Ocidental, em Manaus (AM).
“A reunião em Brasília com os presidentes Márcio (OCB) e Pedro Arraes (Embrapa) foi fundamental para alavancarmos esse trabalho. Foi a partir dessa negociação que a Embrapa Amazônia Ocidental nos recebeu para discutir a criação de ferramentas que melhorem esta fase da produção das fibras”, afirmou o presidente da OCB/AM, Petrúcio Magalhães.
Como resultado, alterações foram realizadas no projeto do equipamento que tem por objetivo aprimorar as condições de saúde e de produção durante o período de colheita das fibras de juta e malva. “Os primeiros projetos não atendiam integralmente às expectativas dos produtores. A nova versão apresentada aperfeiçoou o trabalho sem desperdiçar o que já havia sido construído”, explicou Petrúcio.
A construção da máquina “descortiçadora” está sendo feita em conjunto com a Universidade Federal do Amazonas (Ufam). Para a professora da Ufam, Terezinha Fraxe, as fibras de juta e malva são um mercado promissor, pois são ecologicamente perfeitas para embalagens. “Ainda estamos melhorando a tecnologia do equipamento, mas já sabemos que a qualidade da fibra descortiçada é boa. Apenas a produção ainda é menor do que a feita manualmente pelo produtor”, admite a professora.
Ela acrescentou que a maior preocupação dos pesquisadores do projeto é com as condições de trabalho dos produtores de fibra do Amazonas. “Nós estamos fazendo isso para tirar o agricultor de dentro da água. As condições às quais os produtores de várzea se submetem são insalubres”, disse.
O presidente da OCB/AM ressaltou que, além da preocupação com a saúde do produtor, o equipamento também prevê a diminuição do desperdício. “Estamos falando de uma produção de várzea, feita com mão de obra familiar. Quando a cheia é muito intensa, os produtores não conseguem colher toda a safra. Com a máquina, além de protegermos o trabalhador das condições insalubres, esse prejuízo será sanado”, afirmou. Petrúcio explicou que, além de colher as varetas, a máquina “descortiçadora” processa rapidamente toda a juta coletada, não sendo necessário o processo natural de afogamento da fibra.
“A expectativa da OCB/AM pela concretização desse projeto é muito grande”, disse Petrúcio. Segundo o presidente, milhares de produtores serão beneficiados em todo o estado, que tem previsão de colher, este ano, 12 mil toneladas das fibras.