Produtores rurais de SC vão às ruas nesta 3a feira
Produtores rurais de SC vão às ruas nesta 3a feira
A crise do agronegócio já afeta diretamente a economia dos municípios catarinenses, mas nesta terça-feira, 16, ela mostrará sua face humana: produtores de todas as regiões se concentrarão simultaneamente, às 13h30, em cinco cidades catarinenses – Chapecó, Campos Novos, Rio do Sul, Mafra e Araranguá – para o ato público o “Último Grito do Campo” apoiado por cooperativas, sindicatos rurais e demais entidades do agronegócio, liderados pela Federação da Agricultura e Pecuária (Faesc), pela Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetaesc) e pela Organização das Cooperativas do Estado de Santa Catarina (Ocesc).
O maior dos cinco eventos simultâneos está previsto para Chapecó, onde os sindicatos rurais e cooperativas agropecuárias do Oeste estão mobilizados para trazer milhares de produtores à praça Coronel Bertaso, no largo da Catedral Santo Antônio, no centro da cidade. As manifestações têm o objetivo de demonstrar à população as gravíssimas dificuldades pelas quais passa o agronegócio brasileiro. Em cada local estarão reunidos de 2 mil a 3 mil produtores, haverá pronunciamentos, passeatas e distribuição de panfletos com a síntese dos problemas e leitura do manifesto, que está sendo preparado pelas entidades.
“O quadro é de intolerável queda de renda e empobrecimento geral”, resumiu o presidente da Faesc, José Zeferino Pedrozo. Os produtores estão angustiados e querem demonstrar o seu descontentamento pela falta de sensibilidade do governo federal em resolver a grave crise pela qual atravessa a agropecuária e chamar a atenção da sociedade para a situação de desespero do campo.
Os coordenadores operacionais do “Último Grito do Campo” – Enori Barbieri, pela Faesc, e Décio Sonaglio, pela Ocesc – relatam que a crise do setor primário é tão grave que eles temem que muitos produtores cometam suicídio. Mostram que a grande perda de renda do setor rural em 2005 e o aprofundamento da crise em 2006 em decorrência dos preços inferiores ao custo de produção para a maioria dos produtos agropecuários inviabilizam o pagamento dos financiamentos ainda pendentes da safra passada e parte dos compromissos financeiros da safra em curso. A simples prorrogação de curto prazo mostrou-se inútil diante do atual quadro de dificuldades do setor rural. A medida saneadora para esses financiamentos seria a sua transformação em compromissos de longo prazo.
O dirigente realça que os prejuízos da agricultura em 2005 e 2006 somam R$ 30 bilhões e as dívidas do agronegócio totalizam R$ 50 bilhões. Estão inadimplentes 40% dos produtores, mas o volume aumentará para mais de 70% no segundo semestre. Pelo menos 100 mil empregos na área rural desapareceram com a crise. “A questão crucial está na falta de renda em função da queda generalizada de preços e de sucessivas secas que deram grande prejuízo aos produtores. Somada a isto, a política cambial, que em curto prazo é muito boa para o consumidor, mas um desastre para a agropecuária e para o setor exportador em geral", expõem Barbieri e Sonaglio.