Presidente do Sistema OCB analisa reflexos da crise do milho nos EUA

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Em razão da forte seca que atinge os Estados Unidos neste verão do hemisfério norte, o país norte-americano enfrenta uma grave crise: a frustração da sua produção de milho. As previsões do relatório USDA de junho de 2012 apontavam uma produção de 376 milhões de toneladas, enquanto a de agosto sinaliza uma previsão de 273 milhões de toneladas, redução de aproximadamente 103 milhões de toneladas, o que equivale a 40% da safra brasileira.

Sendo os EUA o maior produtor mundial do grão, as consequências desta perda atingem de uma forma ampla o mercado internacional. No Brasil, a restrição da oferta internacional fez o preço da saca de milho subir cerca de R$ 10 no último mês. O presidente do Sistema OCB, Márcio Lopes de Freitas, avalia com cautela a situação: “É claro o benefício direto ao produtor de milho, contudo, outros fatores merecem atenção, como o aumento dos custos de produção interna em outros segmentos da agropecuária brasileira”, destacou.
 
Essa elevação de preços ocorre mesmo com a previsão de aumento da safra brasileira em cerca de 27%. O 11° Levantamento de Safra realizado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) – posição agosto/12 – projeta a produção brasileira de milho em 73 milhões de toneladas, contra 57 milhões da safra passada. A 1ª safra (34 milhões de toneladas), que participa com 47% da produção, prevê redução de 2%, enquanto a 2ª safra, também chamada “safrinha” (39 milhões de toneladas), que participa com 53% da produção, terá acréscimos de 72%.
 
As exportações de milho brasileiro apresentam significativos acréscimos em maio/12 (174%), junho/12 (1.122%) e julho/12 (528%), média de 486% superior ao mesmo período de 2011. Nos primeiros 4 meses do ano houve redução média de 45%. No acumulado do ano foram exportados 3,5 milhões de toneladas, 15% a mais em relação ao ano anterior (3 milhões de toneladas).
 
De fato, os maiores acréscimos (em volume) nas exportações de milho concentraram-se em julho, mês em que foram exportadas 1,7 milhão de toneladas, contra 271 mil toneladas, em 2011 (recorde histórico). O preço equivalente do milho exportado neste mês atingiu R$30,21/saca FOB.
 
Entretanto, Freitas ressalta que o impacto desta mudança é fortíssimo. Existe uma tendência que esse preço se mantenha por um tempo. Toda a criação que depende do insumo ração, em especial a de aves e suínos, terá seu custo de produção elevado, provocando uma cadeia de aumentos. No Brasil, a demanda animal é responsável por aproximadamente 70% de todo consumo interno de milho. “A produção brasileira vai aumentar, assim como a exportação. Porém, a demanda interna tende a se estagnar, em razão do preço elevado, aumentando a quantidade estocada. A expectativa, então, é de equilíbrio a partir deste momento”, finaliza o dirigente cooperativista.
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