Presidente da OCB quer cooperativas independentes do dinheiro público
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O presidente da OCB, Márcio Lopes de Freitas, disse ontem que as cooperativas agrícolas devem montar seus planos de safras sem depender de dinheiro público e que a tendência é que elas sejam independentes. Ele lembrou que de um agronegócio que movimenta quase R$ 600 bilhões por ano, o plano de safras não passa de R$ 33 bilhões, ou cerca de cinco por cento do total do agronegócio.
Em entrevista à agência de notícias Enfoque Agro, Freitas apontou a perda de renda do setor agropecuário e destacou que nos últimos dois anos o setor vem acumulando dívidas. “Em 2004 o setor rural acumulou uma dívida de R$ 17 bilhões de reais e o que é pior: não foi paga ainda e essa dívida está aí. Agora veio a seca no Sul e enchentes no Centro-Oeste e Nordeste e esse ano a dívida do campo pode ser ainda maior. Além do Banco do Brasil há outros credores como as empresas de adubos, fertilizantes e tratores. Só no final do ano teremos uma idéia do tamanho dessa dívida”, disse.
O presidente da OCB disse que uma das saídas está na execução pelo Governo de um Seguro Rural de fato. “Não um seguro rural com R$ 10 milhões. O setor precisa de um seguro rural R$ 200 milhões para subvenção de prêmios. Se o Governo colocasse esse montante à disposição do setor não estaríamos discutindo a dívida da seca. É uma das políticas que poderiam atender melhor.”
Outra saída seria a importação de insumos do Mercosul. Como Argentina, Paraguai e Uruguai têm muito menos impostos incidindo nos produtos a diferença dos preços praticados no Brasil chega entre 40 a 50% de diferenças nos custos dos insumos. No Uruguai, alguns insumos da mesma marca dos vendidos no Brasil chegam a ter 60% a menos nos preços finais. “Se abríssemos as fronteiras para os insumos, os agricultores teriam menos custos de produção”, disse.
Márcio Lopes de Freitas também defendeu mais investimentos em produtos genéricos, para reduzir os custos da produção. “O Brasil já deu o pontapé para a produção de Genéricos com a criação do genérico do glifosato (herbicida utilizado para matar ervas daninhas nas lavouras). O desenvolvimento de novos genéricos pode ajudar o agricultor brasileiro a melhorar seu custo de produção, pois já é dono de um custo-benefício de produção-produtividade dos melhores do mundo”.
O presidente da OCB ainda comentou as especulações em torno da permanência do ministro da Agricultura e disse que para o governo Lula seria pior a saída de Roberto Rodrigues, porque ele é um mantém uma liderança junto ao agronegócio. Freitas acrescentou que, do ponto de vista internacional, Rodrigues, desde quando era presidente a Aliança Cooperativa Internacional (ACI) goza de prestígio externo e conhece todos os negociadores internacionais. Ele tinha cadeira na Organização das Nações Unidas (ONU) por ser presidente da ACI.