Pesquisas revelam a importância dos lácteos na alimentação

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Juiz de Fora (17/9) – "Comer é uma necessidade. Comer de forma inteligente é uma arte", defende Aarón Gonzalez, pesquisador do Centro de Investigación en Alimentos y Desarrollo (CIAD), no México. À frente do departamento de Tecnologia de Alimentos de Origem Animal, ele apresentou no 2º Encontro Pan-americano de Jovens Produtores de Leite, ontem, em Juiz de Fora (MG), estudos que apontam a redução de doenças cardiovasculares e de índices de diabetes em pessoas que consomem produtos lácteos com frequência. Também abordou os resultados de pesquisa do CIAD sobre o consumo de leites fermentados com bactérias ácido-láticas com propriedades anti-hipertensivas, anti-obesidade e também capazes de reduzir os níveis de colesterol.

Gonzalez explica o risco de julgar um alimento considerando seus componentes isolados. "Não podemos satanizar a gordura, por exemplo. O equilíbrio está na quantidade". Ele recorda a capa da revista norte-americana Time de março de 1984, que trazia más notícias sobre o consumo do colesterol em alimentos de origem animal, como ovo, bacon e leite. Aos poucos, o mercado foi substituindo as gorduras de origem animal pelas hidrogenadas. A margarina e os óleos, por exemplo, prevaleceram sobre a manteiga na indicação de profissionais de saúde.
 
No final de 2014, porém, uma edição da revista trouxe a mesma capa dizendo que o colesterol não é tão mau assim. "A gordura foi excluída da alimentação e a incidência de doenças cardiovasculares aumentou. Temos que acreditar em evidências, não em histórias. Agora, eles reconheceram que alguns ácidos graxos da gordura do leite são importantes para a saúde e têm propriedades benéficas", diz. Gonzalez enxerga esta publicação como um marco que irá alavancar a mudança da imagem da gordura animal frente a profissionais de saúde, imprensa e consumidores.
 
Aarón Gonzalez acredita que o leite é um alimento com balanceamento quase perfeito: 30% de proteína, 30% de gordura e 40% de nutrientes como cálcio, minerais e vitaminas, aproximadamente. "Não podemos substituir o leite. E isto vale para todas as idades", avalia. Para o futuro, acredita ser crescente a tendência de consumo de alimentos funcionais, que aliam nutrição a prevenção de doenças. Neste cenário, os lácteos têm uma importante parcela de mercado.
 
A ciência tem buscado respostas na nutrição animal para aumentar, naturalmente, a concentração de determinados componentes desejáveis no leite, como proteínas. O CLA (ácido linoleico conjugado) é outro exemplo. Presente principalmente na gordura do leite, o CLA tem possível efeito cardioprotetor. Pesquisas conduzidas pela Embrapa Gado de Leite observaram que o leite a pasto tem maior concentração de CLA quando comparado ao leite produzido em sistema de confinamento.
 
Pesquisas do CIAD já isolaram bactérias ácido-láticas com propriedades anti-hipertensivas, anti-obesidade e também capazes de reduzir os níveis de colesterol. As patentes foram requeridas e a instituição inicia a transferência das tecnologias, que deverão gerar um importante incremento para a indústria laticinista. O próximo passo é identificar como o produtor de leite pode adequar seu sistema produtivo para que o leite saia da fazenda já com maior concentração de tais componentes.
 
Encontro – O evento é realizado pela Federação Pan-Americana de Produtores de Leite (Fepale), em parceira com o Sistema OCB e Embrapa Gado de Leite. Reúne de 15 a 17 de setembro, no Premier Park Hotel, em Juiz de Fora – MG, 230 jovens produtores de oito países. Entre os brasileiros, estão representantes de 12 estados. Fotos do evento estão disponíveis em flickr.com/photos/embrapa. (Fonte: Núcleo de Comunicação Organizacional da Embrapa Gado de Leite)
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