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Pesquisa científica fortalece cooperativas

Brasília (28/5/19) – Pelo menos uma em cada sete pessoas no mundo está ligada ao cooperativismo. O dado é da Aliança Cooperativa Internacional (ACI) que afirma: em mais de 100 países, as cooperativas transformam realidades, por meio da geração de trabalho, emprego e renda, atuando nos mais diversos setores econômicos.

O modelo de negócios é tão bem-sucedido que, cada dia mais, inspira pesquisadores acadêmicos a estudar os aspectos que envolvem a rotina de uma cooperativa e, aqui no Brasil, essa regra não é diferente. É por isso que o Sistema OCB, por meio do Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo (Sescoop) realiza o Encontro Brasileiro de Pesquisadores em Cooperativismo, mais conhecido como EBPC.

O evento é uma excelente forma de mostrar o resultado das pesquisas desenvolvidas em todos as regiões do país. Neste ano, o evento ocorrerá entre os dias 9 e 11 de outubro, em Brasília.

 

SELEÇÃO DE TRABALHOS

E, para apresentar seu trabalho, o pesquisador deve submeter seu material à avaliação de uma banca julgadora. As submissões terminam no dia 7 de junho. “Os autores selecionados virão à Brasília com todas as despesas pagas para mostrar que teoria e prática podem caminhar de mãos dadas”, conta o superintendente do Sistema OCB, Renato Nobile. Confira na entrevista.

 

Qual o objetivo do EBPC?

Nossa intenção tem, na verdade, dois vieses. O primeiro deles é estimular o desenvolvimento de pesquisas científicas sobre as cooperativas, aproximando, assim, a academia do movimento cooperativista. O segundo, é contribuir com o crescimento do setor e, consequentemente, do país. Neste ano realizaremos a quinta edição do EBPC e o nosso tema norteador será Negócios sustentáveis em cenários de transformação.

Vale destacar que serão considerados válidos os trabalhos que estejam correlacionados com pelo menos um dos seguintes eixos: Identidade e Cenário Jurídico; Educação e Aprendizagem; Governança, Gestão e Inovação; Capital, Finanças e Desempenho; Impactos Econômicos, Sociais e Ambientais.

 

Como os pesquisadores podem mostrar o resultado de suas pesquisas?

A participação dos pesquisadores é essencial. Sem eles, não temos EBPC, por isso estimulamos tanto que eles inscrevam seus trabalhos. Os interessados têm até o dia 7 de junho para submeter seu material. Cada autor pode participar com até três artigos, sendo que cada um dos materiais pode ter no máximo cinco escritores. Os autores selecionados virão à Brasília com todas as despesas pagas para mostrar que teoria e prática podem caminhar de mãos dadas.

 

Quando o resultado dessa seleção deve ser divulgado?

A previsão é de que o resultado da seleção seja divulgado no dia 16 de agosto, no site do Sistema OCB (www.somoscooperativismo.coop.br/EBPC). Estamos muito confiantes, porque, a cada edição, aumenta o número de trabalhos inscritos e, também, a relevância deles para o desenvolvimento das cooperativas do nosso país.

Ah, uma outra informação muito importante é que os interessados em participar do EBPC com um trabalho voltado ao cooperativismo de crédito também poderão se inscrever no Prêmio ABDE-BID 2019 (categoria: Desenvolvimento e cooperativismo de crédito). Os dois primeiros colocados terão os artigos publicados em livros e receberão, respectivamente, o prêmio de R$ 8 mil e R$ 4 mil. Um detalhe muito importante: para participar do ABDE-BID (com inscrições até 30 de junho) é necessário também participar do EBPC (com inscrições até 7 de junho). Por isso, o pesquisador deve estar atento aos prazos!

 

A que atribui o crescimento das pesquisas acadêmicas relacionadas ao cooperativismo?

Bom, para responder a essa pergunta, é importante notar que as cooperativas têm aumentado sua participação na economia e, quanto mais somos vistos, mais somos lembrados. Além disso, acredito que as universidade e faculdades sempre deram atenção ao cooperativismo.

Há exemplos na história de que o nosso modelo econômico já foi muito estudado. No estado de São Paulo, por exemplo – que é de onde eu venho, o atual Instituto de Cooperativismo e Associativismo (ICA) já foi um órgão do governo, vinculado à USP. Hoje não é mais.

Outro exemplo é a Universidade Federal de Viçosa que, desde a década de 60, tem o programa de pós-graduação em Economia Aplicada e de Extensão Rural que desenvolve pesquisas sobre a rotina das cooperativas. Isso, só para citar apenas dois exemplos.

É claro que, para nós, quanto mais estudos forem realizados, maior será a gama de caminhamos seguros que teremos diante de nós para, tranquilamente, ocupar mais espaço no mercado, transformando força de trabalho em bem-estar social, afinal, a cooperativa existe para atuar por seu cooperado.

 

Poderia nos dizer se existe uma carência de assuntos que devem ser mais profundamente estudados?

Olha, o desempenho das cooperativas é sempre um tema desafiante pela particularidade do empreendimento cooperativo. Em geral, as pesquisas focam muito, por exemplo, no que diz respeito à performance financeira e à eficiência econômica. A gente ainda está "engatinhando" na compreensão de aspectos que envolvem, por exemplo, a performance social, especialmente as que mensuram a importância da cooperativa para a vida do associado. Essa parte do conhecimento ainda é muito embrionária e seria muito importante termos uma comprovação técnico-científica a esse respeito. Creio que, a título de sugestão, os pesquisadores poderiam centralizar esforços nesta área.

 

Por fim, por que o Sistema OCB estimula tanto a pesquisa acadêmica sobre o cooperativismo?

Essas pesquisas são fundamentais para demonstrar a eficiência socioeconômica do nosso modelo de negócios. Por isso, o Sistema OCB deve continuar estimulando o trabalho dos pesquisadores, interessados em atuar com foco nas cooperativas. Os resultados encontrados nas pesquisas sempre são muito úteis, tanto para saber o que tem sido feito e tem dado resultado positivo, quanto para entender o que está dando errado e porque isso está acontece.

Na nossa visão, quanto mais o Sistema OCB estimula a pesquisa científica, mais o cooperativismo pode crescer de forma sustentável e segura, contribuindo, dessa maneira, com o desenvolvimento socioeconômico do nosso país.

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