Parlamentar fala sobre vantagens do cooperativismo na Câmara dos Deputados

"

Brasília (27/11) – A importante contribuição do cooperativismo para o desenvolvimento econômico e social do país, bem como para a redução da pobreza, foi o foco do discurso proferido ontem, na Câmara dos Deputados, por Heitor Schuch, parlamentar que representa o estado do Rio Grande do Sul. Ele ressaltou que uma cooperativa tem como objetivos principais a prestação de serviços aos seus cooperados e o bem estar da comunidade onde está inserida.

Confira o discurso na íntegra

O SR. HEITOR SCHUCH (RS). Pela ordem. Pronuncia o seguinte discurso.)

- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, desta tribuna quero falar sobre o Cooperativismo e destacar sua importante contribuição para o desenvolvimento econômico, social, e seu trabalho pela redução da pobreza, geração de emprego e sua contribuição real para a organização de um novo modelo de organização social, onde o ser humano e o ambiente em que ele vive estejam em primeiro lugar.

Diferente de uma empresa privada, que é uma sociedade de capital, a cooperativa é uma sociedade de pessoas, enquanto a empresa privada visa unicamente a maximização do lucro a cooperativa tem como objetivo principal a prestação de serviços aos seus associados e o bem estar da comunidade, na cooperativa, cada associado tem direito a um voto, independentemente de sua participação, já numa empresa privada a decisão é pela participação no capital e finalmente o numa empresa privada o lucro é dividido proporcionalmente ao número de ações que a pessoa detiver, enquanto numa cooperativa, que não visa o lucro, as sobras são distribuídas de forma proporcional as operações de cada associado, e o que é melhor, o resultado obtido é investido na região do cooperado e não remetido para o estrangeiro como ocorre com as grandes empresas transnacionais.

Mas porque surgiram as cooperativas? Porque desde os primórdios da humanidade as pessoas são levadas a cooperar em determinadas situações, mas o cooperativismo mais organizado tem seu março no dia 21 de dezembro de 1844, quando um grupo de vinte e sete tecelões e uma tecelã do bairro de Rochdale, em Manchester na Inglaterra, criaram a “Associação dos Probos Pioneiros de Rochdale”, tecelões estes que se organizam para enfrentar a exploração na venda de roupas e alimentos no mercado local. Primeiramente criaram um armazém próprio para abastecer os associados e depois para auxilia-los na construção e compra de casas além de montar linha de produção para trabalhadores com salários muito baixos ou desempregados.

Contrapunham-se a uma jornada de trabalho de 16 horas que incluía mulheres e crianças, sendo que as mulheres recebiam salários muito menores do que os pagos aos homens. Podemos sintetizar dizendo que num momento da história em que o ser humano havia sido desalojado dos meios de produção e submetidos a um modelo de exploração extrema, a cooperativa surge para resgatar e dar um mínimo de valorização ao ser humano.

Nestes 171 anos o cooperativismo amadureceu e deu frutos trazendo muitos benefícios e ajudando pessoas a vencerem os embates da vida. No Mundo: um bilhão de pessoas estão filiadas a cooperativas em pelo menos noventa países, gerando 100 milhões de empregos. No Brasil contamos com aproximadamente 6.650 cooperativas com um quadro social que chega a nove milhões de pessoas e gera 300 mil empregos diretos e responde por 3,5% do Produto Interno Bruto (PIB), o que representou no ano de 2014 R$ 193,24 bilhões.

Não poderia furtar-me aqui de falar do Estado do Rio Grande do Sul, um dos berços do cooperativismo brasileiro, que conta com 728 cooperativas que tem um quadro social de dois milhões de associados, que geram 50 mil empregos diretos e tem uma participação de 10,1% do Produto Interno Bruto Gaúcho, com força expressiva no setor agropecuários, em especial com as cooperativas de produção, principais responsáveis pela modernização do meio rural gaúcho onde a participação no PIB rural chega 59,57% e também das cooperativas de crédito.

Mas não podemos deixar de destacar aqui os demais ramos do cooperativismo, que na atualidade totalizam treze. Que além do agropecuário e do de crédito são: o de consumo, educacional, especial, habitacional infraestrutura, mineração, produção, saúde, trabalho, transportes, turismo e lazer.

Preciso aqui fazer um reconhecimento especial a Cooperativa Habitacional da Agricultura Familiar – a COOHAF que foi criada durante a minha gestão como presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul – FETAG/RS, que no período de traze anos já oportunizou moradia de qualidade a mais de 15 mil agricultores, seja através da construção de casas novas ou de reformas. É o cooperativo tornando muito melhor a vida das pessoas a ajudando-os a se manterem no processo produtivo do meio rural.

O cooperativismo e tão importante que no ano de 2012, a Organização das Nações Unidas – ONU, instituiu aquele como sendo o Ano Internacional das Cooperativas, onde entre outros pontos, busca incentivar os governos a estabelecerem políticas, leis e regulamentos propícios para a formação, crescimento e estabilidade das cooperativas.

Quero ressaltar aqui o meu comprometimento com o setor cooperativo, destacando que na última legislatura como Deputado Estadual pelo Rio Grade do Sul presidi da Frente Parlamentar de Apoio ao Cooperativismo – Frencoop/RS no período de 2011/2014, juntamente com outros 31 parlamentares, período em que conseguimos aprovar várias Leis que representaram avanços para o cooperativismo do estado.

Chegando a esta casa passei a integrar a Frencoop nacional, importante ferramenta para desaguar as demandas do setor cooperativo de Brasileiro. E aqui, desta tribuna, quero reforçar o apoio ao setor cooperativo e colocar o nosso mandado assim como a Frente Parlamentar Mista em Defesa da Agricultura da Familiar a disposição deste importante segmento para a economia brasileiro que muitos costumam chamar de terceira entre o modelo capitalista e o socialista.

No Brasil tem entorno de 500 municípios que não tem nenhuma agência bancária oficial, e as pessoas precisam viajar 20, 30 km até o município vizinho para pagar impostos e tributos. As Cooperativas de Crédito poderiam resolver isto desde que fossem habilitadas pelo Banco Central a receber estes tributos.

Finalizo destacando que “O Cooperativismo, cada vez mais, faz parte da vida dos gaúchos e dos brasileiros”, e conclamo a todos que se integrem a esta grande família, se filiando a um dos ramos cooperativos, e participando do processo de decisão e fortalecimento desta, que é uma importante ferramenta para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária.

Que o cooperativismo continua a seguir em frente corajosamente, pois sem ele o Brasil seria ainda mais desigual. Senhor Presidente, peço que este discurso seja dado como lido e encaminhado à publicação nos órgãos de comunicação desta casa, em especial na Voz do Brasil.

"

Conteúdos Relacionados