O mundo não explica o freio do Brasil, diz Samuel Pessoa

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Curitiba (6/10) – A queda na produtividade interna, e não o cenário externo, explica os problemas econômicos do Brasil. A opinião é do economista e professor Samuel Pessoa que, na tarde de quinta-feira (2/10), abriu o Fórum Financeiro e de Mercado, evento promovido pelo Sistema Ocepar, em Curitiba, para representantes de cooperativas paranaenses e convidados.

“A desaceleração do crescimento no quadriênio da presidente Dilma chegou a 80% e isto é um fenômeno de produtividade. Houve queda na produtividade do capital e forte desaceleração da taxa de crescimento da produtividade do trabalho”, disse o economista.

Doutor em Economia pela Universidade de São Paulo, Samuel Pessoa é professor assistente da Fundação Getúlio Vargas, membro do corpo editorial da Pesquisa e Planejamento Econômico (Rio de Janeiro) e colunista econômico do jornal Folha de São Paulo.

Convidado para falar das tendências da economia brasileira e mundial para os próximos meses, Pessoa dividiu a sua apresentação no Fórum Financeiro em temas. O primeiro ponto abordado por ele foi o cenário externo, com foco nos motivos da desaceleração econômica americana e europeia e no ritmo diferente de recuperação dessas duas economias.

O segundo tema foi o Brasil, com uma análise do processo de aceleração do crescimento do governo Lula e do processo de desaceleração no governo Dilma, incluindo também em sua análise a forma como alguns economistas olham para esse fenômeno.

“Houve uma deterioração dramática da situação fiscal, um cenário parecido com o que vivenciamos no início do governo do presidente Fernando Henrique. Hoje o país tem um déficit primário de 0,5% a 1% do PIB, excluindo-se as receitas não recorrentes. Isto resultou também na deterioração da dívida pública. Portanto, o próximo presidente vai ter um abacaxi enorme para descascar”, disse.

Sistema Político – O terceiro tema tratado por Samuel Pessoa foi a estrutura política brasileira que, na sua avaliação, é funcional, já que trata-se de presidencialismo multipartidário e com o presidente muito forte, em função de mecanismos como o voto total e parcial e orçamento autorizativo.

“A força do presidente faz com que ele consiga impor sua agenda ao Congresso e, portanto, explica a funcionalidade do sistema”, disse. Neste tema, o economista falou de duas agendas usadas na formulação econômica do Brasil: o Contrato Social da Redemocratização, e o que ele chamou de Ensaio Nacional Desenvolvimentista, modelo adotado pelo atual governo e que consiste numa maior intervenção do Estado no processo econômico. (Assimp Sistema Ocepar)

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