Inglaterra deve comprar açaí de cooperativas do Pará

Belém (14/2/17) – O sabor do açaí, tipicamente amazônico, terá um espaço maior no circuito culinário da Inglaterra. Durante a última semana, uma dupla de empresários da Away Lear visitou cooperativas paraenses que trabalham com a fruta. A intenção é levar o açaí para ser processado em Londres e produzir sucos com uma porcentagem maior da fruta, agregando à marca os benefícios sociais e ambientais que são uma peculiaridade do cooperativismo. O Sindicato e Organização das Cooperativas Brasileiras do Estado do Pará (OCB/PA) está articulando as negociações. 

O empresário paulista Ricardo Woldmar e o inglês Nick Oakes estão organizando a Start-up para exportação de Açaí. A princípio será um suco com cerca de 30 a 60% de açaí e o restante de outras frutas, sem conservantes ou aditivos e com um prazo de validae de até 10 dias, após transformado em suco (refrigerado a temperatura média de 5°C). Planeja-se a contratação de três cooperativas para começar a exportação: Cooperativa Agrícola Mista de Tomé-Açú (Camta), Cooperativa Sementes do Marajó e a Cooperativa Agroextrativista da Veneza do Marajó (Copavem).​

O produto terá um benefício ambiental por ser de extrativismo nativo, o que diminui o incentivo dos produtores a procurar outras práticas econômicas que promovem a conversão do solo, como a Pecuária.

“Também terá um benefício social, pois vamos trabalhar com cooperativas na Amazônia que prezam a qualidade e segurança dos extrativistas na coleta de açaí. Atualmente estamos mapeando as cooperativas na Amazônia e os concorrentes diretos e indiretos na Inglaterra. Fizemos essa primeira viagem ao Pará para conhecer uma pequena amostra de possíveis fornecedores. Em março pretendemos ter o primeiro embarque de 1 tonelada e em meados de Julho mais 4 toneladas. A partir de 2018 vamos ganhar escala e consolidar a marca”, afirmou o empresário Ricardo Woldmar.

Demanda

A procura pelo suco do açaí tem crescido acima da oferta. A cada ano, aumenta 15%, contra 5% do incremento da produção, de acordo com informações da Embrapa Amazônia Oriental. Para atender a demanda, a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Agropecuário e da Pesca do Pará (Sedap) criou o Programa de Desenvolvimento da Cadeia Produtiva do Açaí no Estado do Pará (Pró Açaí). O órgão espera que a área cultivada da fruta seja ampliada em 50 mil hectares até 2020.

Exportação

Em 2015, só o Pará colheu mais de 1 milhão de toneladas de açaí em uma área extrativista e cultivada de 154.486 hectares. A venda dos frutos injetou cerca de R$ 1,8 bilhão na economia em um ano. Além do mercado interno, a fruta também é consumida em outros países.  No mesmo ano, o Pará exportou mais de 6 mil toneladas do mix de açaí (mistura da fruta com banana e guaraná) para os Estados Unidos e Japão, o equivalente a US$ 22,6 milhões.

Os mercados norte-americano e japonês são o destino de 90% das exportações de açaí. Os outros 10% são comprados pela Alemanha, Bélgica, Reino Unido, Angola, Austrália, Canadá, Chile, China, Cingapura, Emirados Árabes, França, Israel, Nova Zelândia, Peru, Porto Rico, Portugal e Taiwan.

Suporte

O Sistema OCB/PA está acompanhando todo o processo. A expectativa é que no próximo verão europeu, provavelmente em junho, o produto já seja comercializado.

“O Projeto é viável. Mais um mercado que não tínhamos acesso será explorado, o que agrega valor ao produto. Hoje, o Euro está muito mais valorizado que o dólar. Com isso, as cooperativas terão resultados melhores exportando do que apenas comercializando internamente. A capacidade produtiva das nossas cooperativas é o suficiente para isso. Precisam apenas estar organizadas. É com esta finalidade que estamos trabalhando, para desenvolvê-las e fazer com que alcancem um grau elevado de maturidade. Não existe outro Estado no país que exporte açaí mais do que o Pará e as cooperativas também precisam empreender mais nesse mercado, em especial a União Europeia que está conhecendo agora e valorizando os produtos da Amazônia. Quando vislumbrarmos isso, a tendência natural é ampliar a profissionalização das cooperativas e a consequente competitividade delas”, afirma o presidente do Sistema OCB/PA, Ernandes Raiol. (Fonte: Sistema OCB/PA)​

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