Indústria de alimentos esfria confiança do agronegócio durante primeiro trimestre do ano

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Queda superior a 10 pontos ajudou a derrubar o índice geral do setor

São Paulo (23/5) – Composta em boa parte por indústrias de alimentos, o elo “indústria depois da porteira” foi o único a apresentar perda de confiança no primeiro trimestre de 2016, em comparação ao último trimestre de 2015. A queda significativa de 10,1 pontos, no entanto, foi a responsável por derrubar também o índice de confiança geral do setor, que registrou 1,7 ponto a menos, fechando o período em 82,6 pontos.

Os dados são do Índice de Confiança do Agronegócio (ICAgro), estudo elaborado pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) em parceria com a Organização das Cooperativas   Brasileiras (OCB) e divulgado hoje pelas duas entidades.

Para o gerente do Departamento do Agronegócio (Deagro) da Fiesp, Antonio Carlos Costa, a retração da confiança na indústria pós porteira pode ter sido afetada tanto pelos resultados apresentados pelo varejo, quanto pela acomodação do dólar em um patamar mais baixo.

“A venda de produtos alimentícios no varejo caiu 2,8% no primeiro trimestre deste ano, segundo o IBGE. Ao sentir a crise no bolso, o consumidor diminui seus gastos até mesmo com a alimentação. Isso refletiu na confiança do setor. Além disso, as oscilações do real frente ao dólar podem influenciar negativamente as receitas de exportação, tal pensamento afeta a confiança do empresário.”

A indústria “antes da porteira”, por sua vez, apresentou alta de 5,5 pontos, fechando os meses de janeiro a março em 73,3 pontos. Porém, na comparação com o mesmo período do ano passado, o índice deste segmento permaneceu praticamente estável.

O elo “dentro da porteira” também apresentou resultados positivos. O índice de confiança do Produtor Agropecuário apontou alta, de 3,5 pontos, e encerrou o período com 91,9 pontos. Se comparado ao primeiro trimestre de 2015, o crescimento na confiança foi de 4,2 pontos. Segundo o relatório do ICAgro, a melhora se deve, principalmente pela maior confiança dos produtores agrícolas.

EXPECTATIVA POSITIVA – De acordo com o presidente da OCB, Márcio Lopes de Freitas, o aumento da confiança dos produtores é reflexo da melhora das expectativas em relação aos preços e produtividade, além do crescimento de 11 pontos na avaliação da economia. “A percepção inicial é de que o nível de confiança do produtor rural brasileiro inicia um processo de retomada, após ter chegado no fundo do poço”, comenta o presidente. 

Freitas destaca que, mesmo ainda em patamares baixos, a avaliação da situação da economia do Brasil mostrou reação positiva, influenciada em parte pela percepção da melhora na disponibilidade do crédito agrícola neste início de ano.

O índice de confiança do Produtor Agrícola mantém, há três trimestres, uma trajetória de crescimento. Nos primeiros três meses deste ano, a alta de 4,5 pontos em relação ao final de 2015 elevou o indicador para 93,9 pontos.

Outro ponto que merece ser destacado na visão dos produtores, é a melhora na relação de troca. Entre as culturas, o destaque vai para grãos, cana-de-açúcar e café, que apresentaram crescimento da confiança.

Já os produtores pecuários mantiveram seu nível de confiança praticamente estável, fechando o período em 85,9 pontos, alta de 0,5 ponto. (Ascom Fiesp e OCB)

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