ENTREVISTA DA SEMANA: Osmar Serraglio – Presidente da Frencoop
Trabalho e conquistas marcam 2015
Brasília (9/12) – O ano de 2015 já entrou em sua reta final, por isso, nada melhor do que avaliar o caminho percorrido, considerando todos os cenários do país (econômico e, especialmente, o político) para saber quais os passos são mais estratégicos para 2016. É com este intuito que o presidente da Frente Parlamentar do Cooperativismo (Frencoop), Osmar Serraglio, faz uma avaliação sobre como foi o ano legislativo de atividades voltadas ao cooperativismo e qual deve ser o foco de atuação de deputados e senadores no ano que vem. Confira!
Como o senhor avalia o ano de 2015 para o cooperativismo no Congresso Nacional?
Osmar Serraglio – Esse ano legislativo tem sido bastante representativo por dois motivos quase antagônicos. Por um lado, tive a honra de participar, como presidente da Frencoop, da reconstituição de uma das bancadas suprapartidárias mais fortes e atuantes do Congresso Nacional. Como resultado, contamos com a adesão de 243 deputados e 36 senadores, num total de 279 parlamentares, que, por diversas vezes ao longo do ano, levantaram a bandeira do cooperativismo com agente de desenvolvimento regional, geração de renda e inclusão social do país, sensibilizando nossas autoridades políticas da importância de apoiar políticas públicas de fomento ao setor, conforme dispõe a nossa Constituição Federal.
Por outro lado, estamos assistindo durante os últimos meses, episódios de uma das piores crises políticas do país, que abala a confiança da nossa moral pública, principalmente do provo brasileiro. Como consequências imediatas, temos observado o aumento do desemprego, a elevação de juros e o desânimo dos consumidores e dos empresários para investir no país, questões que não preocupam não só ao cooperativismo, mas ao setor produtivo e à sociedade brasileira, como um todo.
Assim, a hora é de cooperar. E as cooperativas tem servido como bússola nesta caminhada. A cooperação entre os homens e mulheres de bem, unidos por meio do empreendimento coletivo, será talvez a única esperança de reencaminhar este País, espantando o desânimo e oferecendo-lhe um rumo. Precisamos desesperadamente de um norte, de uma luz, ainda que distante, mas que ilumine o nosso percurso.
Quais são os desafios e oportunidades do cooperativismo no contexto atual?
Osmar Serraglio - Por serem empreendimentos voltados para a inclusão financeira e desenvolvimento regional, as cooperativas podem e devem ganhar mais destaque no cenário atual, principalmente em tempos de busca pela recondução de crescimento econômico do país. Para que isso aconteça de modo efetivo, é fundamental que nós do poder público compreendamos melhor seu funcionamento, para assim consolidarmos ações de fortalecimento do setor.
Nesse ano, graças a um protagonismo mais intenso no Congresso Nacional e a uma atuação bastante alinhada entre Frencoop e OCB, conseguimos aprovar diversas matérias de interesse do cooperativismo em comissões e plenários. Como exemplos, podemos citar a sanção da Lei nº 13.097/2015, que assegurou a classificação contábil do capital social das cooperativas, frente à interpretação equivocada do ICPC-14; e a defesa de uma tributação adequada do cooperativismo em tempos de ajuste fiscal. Também foi intenso o trabalho da frente parlamentar em parceria com o setor cooperativista nas matérias que trataram sobre a possibilidade de cooperativas realizarem parcerias com o poder público.
Em 2016, qual deve ser o foco direcionador da atuação da Frencoop?
Osmar Serraglio – Acredito que o atual momento político e econômico coloca em evidência a necessidade de trabalharmos por um país melhor, com menos corrupção e mais transparência na política. Nessa perspectiva, a Frencoop, em um trabalho coordenado junto à OCB, irá trabalhar efetivamente para aproveitar espaços para o avanço de uma pauta propositiva para o país.
Nossa ideia é colocar as cooperativas como modelo de empreendedorismo coletivo, sendo foco de políticas de inclusão social, geração de renda e desenvolvimento regional. Dentre essas matérias, sem dúvida nenhuma, a principal proposta de fomento ao cooperativismo é o Projeto de Lei Complementar (PLP) 271/2005, que trata sobre o adequado tratamento tributário ao ato cooperativo.