ENTREVISTA DA SEMANA: Alceu Krombauer

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Atualização do capítulo 5 do Manual de Crédito Rural é boa notícia para cooperativas agropecuárias

Brasília (1º/6) – A publicação da Resolução nº 4.494/16, do Banco Central do Brasil, ocorrida ontem, trouxe uma boa notícia ao setor produtivo, especialmente às cooperativas agropecuárias, já que atualiza o capítulo 5 do Manuel de Crédito Rural. As novas regras para a obtenção de crédito fazem parte de um intenso trabalho realizado por um grupo técnico formado pela Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB). Para o coordenador financeiro da Aurora Alimentos, Alceu Krombauer, dentre as conquistas, a clareza com que as instituições financeiras poderão ter na hora de interpretar o normativo.
 

Considerando a publicação da resolução do Banco Central, quais os benefícios para as cooperativas singulares e centrais?

Alceu Krombauer –
Acredito que a maior conquista que obtivemos foi a forma como as cooperativas serão atendidas a partir de agora. As diversidades de natureza específica das atividades econômicas ou do número de cooperados, estarão melhor atendidas. Desta maneira, esperamos que a política pública de incentivos por meio do crédito rural, alcance melhor todos os cooperados, independentemente dos diferentes modelos de organização cooperativista a que pertencem.

Isso graças à organização feita pela OCB, juntamente com a participação de um grupo técnico de diversas cooperativas, os quais muito bem representaram o Ramo Agropecuário, na atualização de normativos do MCR, especialmente no capítulo V – Crédito às Cooperativas.

As cooperativas já vinham sendo atendidas parcialmente em modalidades do crédito rural previstas em outros normativos do MCR. Entretanto, fazia-se necessário uma atualização, tratando especificamente do crédito rural voltado às cooperativas, o qual encontrava-se com relativa defasagem e, até mesmo, inadequação em algumas situações.

Com isso, a partir deste evento, o cooperativismo agropecuário ganha muito no quesito clareza e objetividade na aplicação das normas, por todo o sistema financeiro. Esse capítulo, ao longo do tempo, deixou de ser atualizado na mesma velocidade em que as cooperativas deste setor cresceram e se desenvolveram. De outro lado, em razão da desatualização e clareza das normas, algumas instituições financeiras já vinham demonstrando dificuldades em atender às cooperativas, que por extensão, deixava de atender às reais necessidades de seus cooperados. A partir de agora, isso não deve mais ocorrer, pelo menos nas modalidades de crédito rural tratadas neste normativo.

Vale destacar, ainda, que as cooperativas do Ramo Agropecuário possuem muitas características próprias, as quais precisam ser levadas em consideração. Já a política pública de incentivos por meio do crédito rural, deve alcançar a todos os cooperados de forma isonômica. Como sabemos, o cooperativismo atua em todo o território nacional, com uma grande diversidade de atividades econômicas, de modelos fundiários, de sua própria forma de constituição, dentre outros. Por isso, é extremamente importante o estabelecimento de normas que possam contemplar o crédito de forma a atender às cooperativas, e por extensão, seus cooperados, aplicando-lhes e estendendo-lhes, sem distinção de qualquer natureza, a política pública voltada ao crédito para este importante setor.


O que o senhor diria a respeito do papel da OCB no sentido de unificar as propostas e de encaminhá-las ao governo?

Alceu Krombauer –
A OCB tem um papel de fundamental importância neste processo, que eu atribuiria exclusividade nessa mobilização. Não vejo a possibilidade de obtermos avanços sustentáveis sem que a OCB esteja à frente, ouvindo a base e capitaneando as ações. Aliás, a instituição precisa ser respeitada pelo que faz, pois faz muito e bem feito. Qualquer iniciativa isolada ou contrária a isso, não deve ser estimulada. É a OCB a nossa forma de organização, e devemos fortalecê-la sempre, assim como devemos agir em relação às suas organizações em nível estadual.


Qual a importância da participação das cooperativas no processo de unificação de propostas a serem debatidas com o Executivo?

Alceu Krombauer –
A exemplo do processo como o que tratamos relativamente ao MCR, diria que a união entre OCB e representantes de cooperativas é a melhor forma de encontrarmos as soluções mais apropriadas às dificuldades de todas as cooperativas. São elas, as cooperativas, as grandes interlocutoras entre o cooperado e o mercado, inclusive, na sua representação para a organização de pleitos que visem o alcance de melhores condições para o desenvolvimento de suas atividades econômicas, com abrangência no crescimento e melhoria de suas condições sociais. Além desta, nossas cooperativas são reconhecidas por sua atuação em outros flancos, seja na assistência técnica, na qualificação da mão-de-obra, na realização de eventos tecnológicos, na preparação dos jovens para a gestão rural, na geração de oportunidades em novos negócios e muito mais. O cooperado, quando precisa, aciona a cooperativa para solucionar suas demandas. Então, a OCB tem feito muito bem esse papel, de atuar com a mais estrita observância da realidade das cooperativas, com sua equipe de perfil altamente capacitada para o desempenho de alto nível neste papel. E é assim que este trabalho de representação encontra eco na sua base.

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