Entidades definem ações para evitar falência da agricultura catarinense

"As entidades do agronegócio solicitarão a presença em Santa Catarina do ministro Roberto Rodrigues, da Agricultura, para conhecer a extensão dos prejuízos que o setor primário está sofrendo com a prolongada estiagem e adotar medidas emergenciais. Decisão nesse sentido foi tomada hoje, em Florianópolis, durante reunião na sede da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina (Faesc) com dirigentes da Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetaesc), da Organização das Cooperativas (Ocesc), do Instituto Cepa e da Secretaria da Agricultura do Estado, do Ministério da Agricultura e membros da Comissão de Agricultura da Assembléia Legislativa, acompanhados do chefe do Departamento Técnico da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA), economista Getúlio Bittencourt.

O presidente da Faesc, José Zeferino Pedrozo, instalou a reunião alertando que a safra agrícola 2005/2006 começa a ser colhida em fevereiro com uma constatação preocupante: em conseqüência da estiagem que atinge todo o território catarinense, os produtores não terão condições de resgatar os compromissos assumidos com a rede bancária. O coordenador do encontro, vice-presidente da Faesc, Enori Barbieri, destacou que o objetivo é antecipar soluções em face de constatação de que grande parte dos produtores não conseguirá pagar o custeio da safra. A maciça maioria daqueles que sofreram pesadas perdas não tem seguro agrícola, nem qualquer outra forma de cobertura. “A inadimplência será ampla e generalizada”, prevê.

A estiagem que assola Santa Catarina provoca perdas que se aproximam de 1 milhão de toneladas de grãos que representam prejuízos da ordem de R$ 300 milhões de reais. O forte calor dos último dez dias ampliou as perdas em todas as regiões do Estado, inclusive aquelas que, até então, estavam incólumes. O produtor enfrenta dois flagelos altamente descapitalizantes. Um, é a seca que devasta as lavouras; o outro é a crise de preços que torna os produtos sub-remunerados. O milho está sendo vendido a R$ 14 a saca, quando deveria estar em pelo menos R$ 18; a saca da soja está em R$ 25 e deveria estar em R$ 35, enquanto o leite está em R$ 0,35 o litros, que deveria render pelo menos R$ 0,45.

Os recursos do crédito rural disponibilizados pelo Governo cobriram menos de um quarto das necessidades. Dos R$ 100 bilhões necessários, apenas R$ 23 bilhões foram financiados pelo regime de crédito rural. Os demais 77% foram financiados pelas cooperativas de crédito e pelas cooperativas de produção agrícola que tomaram dinheiro nos bancos e emprestaram aos cooperados que, agora, não podem pagar. Essas cooperativas financiaram seus associados e estão ameaçadas de descapitalização. Exemplo é a Coopercampos, de Campos Novos, que emprestou mais de R$ 18 milhões aos associados."

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