Cooperativismo expõe sobre logística de armazenagem em seminário

A produção agrícola vem crescendo cerca de 3% ao ano e a safra de grãos 2022/2023 deverá alcançar mais de 310 milhões de toneladas. A capacidade estática de armazenagem, no entanto, está em 188 milhões de toneladas. Com o objetivo de identificar os gargalos e apresentar soluções, quatro frentes parlamentares, de Logística e Infraestrutura (Frenlogi), do Cooperativismo (Frencoop), da Agropecuária (FPA) e do Brasil Competitivo, promoveram seminário, nesta quinta-feira (24), com a participação de órgãos do Executivo, do setor produtivo, da indústria e de bancos.

O encontro realizado na Câmara dos Deputados foi requerido pelo presidente da Frencoop, deputado Arnaldo Jardim (Cidadania), que também é vice-presidente da Câmara Temática da Armazenagem da Frenlogi. Segundo ele, a junção dos principais atores envolvido no debate é o ponto de partida para o fortalecimento do segmento.

O parlamentar acredita que há outras possibilidades para captação de recursos que podem contribuir com a construção de armazéns e que um programa direcionado especificamente a essa questão se faz necessário.  “Este seminário vai impulsionar um plano estruturante da armazenagem no Brasil. Falamos que há poucos recursos. Também podemos pensar em outras formas de captação de recursos para além do Plano Safra, como, por exemplo, ter o Fiagro (Fundo de Investimento do Agronegócio) destinado à armazenagem”, recomendou o parlamentar.

A participação do cooperativismo na agropecuária é notória e, por isso, o Sistema OCB foi convidado a dar suas contribuições ao debate. O analista-técnico do Ramo Agro, Rodolfo Jordão, apresentou aos participantes um apanhado sobre o cooperativismo agropecuário, que reúne mais de um milhão de produtores rurais (71,2% da agricultura familiar) distribuídos em 1.185 cooperativas. Ele destacou que o cooperativismo é responsável por 53% da produção nacional de grãos e 63,8% dos produtores cooperados contam com assistência técnica e extensão rural, segundo o IBGE.

“O cooperativismo atua em todos os elos da cadeia produtiva, desde o acesso a insumos como mudas, fertilizantes, defensivos e rações, até a comercialização com acesso a mercados com redução de assimetrias. A atuação se dá ainda no processo de armazenagem e agroindustrialização, com agregação de valor e maior controle de qualidade dos produtos”, explicou Rodolfo. O analista relatou ainda que, quando há armazenagem, a comercialização é melhor e promove otimização logística. “Segundo a Conab, a capacidade estática de armazenagem do cooperativismo é de 41 milhões de toneladas de grãos, ou seja, cerca de 1/4 da armazenagem do país, com as 1.652 unidades distribuídas nas cooperativas agropecuárias ao redor do país”.

Ele acrescentou que o grande gargalo para a armazenagem é o financiamento, que precisa ser mais amplo para uma expansão mais célere da infraestrutura. “No Crédito Rural há restrições orçamentárias em linhas direcionadas e as taxas de juros e prazos praticados pelo mercado são limitantes para investimentos de longo prazo”, explicou Jordão. O analista também ressaltou que “as cooperativas agropecuárias são fornecedoras e usuárias dessa infraestrutura e têm apetite por desenvolver práticas neste sentido”.

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