Cooperativas pretendem buscar novos mercados
Cooperativas agropecuárias do Paraná estudam a possibilidade de exportar o trigo da safra 2010, com o obje-tivo de obter maior liquidez no mercado e uma remuneração melhor para o produtor. O assunto foi tema de reunião promovida pelo Sistema Ocepar, nesta segunda-feira (30/08), para analisar o mercado de trigo e sua comercialização. O encontro aconteceu em Campo Mourão, com a presença do gerente técnico e econômico da Ocepar, Flávio Turra, do analista Robson Mafioletti e de representantes de cooperativas.
Preços internacionais - As cooperativas são responsáveis por 75% da safra de trigo do Paraná e tem exportado menos de 5% da produção – a maior parte é destinada ao abastecimento do mercado interno. Mas o foco no mercado internacional está sendo vislumbrado com mais intensidade nesta safra pelo setor devido à melhora dos preços no mercado externo em contraste com a reação tímida no mercado interno. “A possibilida-de de buscar o mercado internacional está sendo analisada principalmente pelas cooperativas do Sul do Estado que, por estarem situadas mais próximas do Porto de Paranaguá, tem menor custo com o frete. E isso pode ocorrer entre os meses de setembro e outubro”, afirma Robson Mafioletti.
Alta – Ele explica que houve uma alta de 43% nos preços internacionais do trigo. “No mês de junho, por e-xemplo, o preço médio manteve-se na Bolsa de Chicago (Cbot) em US$ 4,94/bushel (o que equivale a 27,2 quilos), sendo que nesta segunda-feira (30/08) a cotação fechou em US$7,07/bushel. Essa melhora é conseqüência de diversos fatores, entre eles, a quebra da safra na Rússia, devido à seca, e também em outros países como Ucrânia e Cazaquistão”, diz Mafioletti. A Rússia é o segundo maior exportador mundial de trigo, atrás apenas dos Estados Unidos, e tem como principais compradores países do norte da África, como o Egito. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) estima que os triticultores russos devem colher 45 milhões de toneladas nesse ano, contra as 62 milhões de toneladas da safra passada. Já o Conselho Internacional de Grãos (IGC) informou recentemente que a Rússia deverá produzir 44 milhões de toneladas nesse ciclo.
Exportações russas - Na safra passada, os russos exportaram 18,5 milhões de toneladas do cereal e não devem comercializar mais que três milhões de toneladas nessa safra para outros países. “Lembrando que, em agosto, o país cancelou as exportações como forma de garantir o abastecimento doméstico e conter a inflação”, acrescenta o analista da Ocepar. Em relação à safra mundial de trigo, ele ressalta que, de acordo com o USDA, deve ocorrer uma redução de 35 milhões de toneladas neste ano em comparação com 2009. “São 645 milhões de toneladas nessa safra contra as 680 milhões de toneladas colhidas no mundo todo em 2009”. Ainda segundo Mafioletti, o mercado também está atento à safra de trigo da Argentina, principal fornecedor do cereal para o Brasil. “O cultivo por lá está iniciando agora e dever ser finalizado entre os meses de novembro e dezembro. O USDA estima que os argentinos devem produzir nessa safra 12 milhões de toneladas de trigo, mas há consultorias prevendo cerca de 10,5 milhões de toneladas. Muito provavelmente a produção argentina também deverá sofrer com o fenômeno La Niña, que já está provocando estiagem no Brasil”, ressalta.
Mercado interno – Já no mercado interno, o preço do trigo subiu apenas 10% nos últimos meses. “No Para-ná, a média, no mês de junho, foi de R$ 22,80 a saca de 60 quilos. Nesta segunda-feira (30/08), fechou em R$ 25,00 a saca. São esses valores pouco atraentes que estão levando as cooperativas a cogitar as exportações,”, diz Mafioletti. Caso não ocorra reação do mercado interno, as cooperativas também estão discutindo a viabili-dade de solicitar ao governo federal a realização de leilões de Prêmio de Escoamento do Produto (PEP) para o Norte/Nordeste e outros destinos, exceto Sul Sudeste e Centro-Oeste.
Paridade – Além disso, as cooperativas do Paraná acreditam que os moinhos têm condições de remunerar melhor o cereal produzido no Estado. “Eles poderiam pagar cerca de R$ 520,00 por tonelada de trigo do Norte do Paraná, cuja qualidade é excelente. O setor chegou a essa conclusão tomando como base o cálculo de pari-dade que tem como referência o preço do trigo importado da Argentina posto no moinho, em São Paulo. Lá, o trigo argentino chega a R$ 600 a tonelada. Já o cereal vindo dos Estados Unidos chega a mais de R$ 670,00/tonelada e o do Uruguai a R$ 590,00/tonelada”, explica Mafioletti. No mercado interno de lotes, a tonelada de trigo está sendo comercializada entre R$ 460 a R$ 470,00/tonelada no Paraná. (Fonte: Ocepar)
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