Cooperativas do PA participam de festival de chocolate em Paris
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Belém (13/11) – O chocolate do Pará já conquistou o mundo. Com um cacau de alta qualidade e uma produção que estimula o desenvolvimento socioambiental, as cooperativas paraenses foram destaque na 21ª edição do Salão do Chocolate em Paris. O evento é a maior vitrine mundial para produtores de cacau e chocolate, que expõem seus produtos para indústrias e especialistas. A Cooperativa Agropecuária Mista de Tomé-Açu (Camta), a Cooperativa Agroindustrial da Transamazônica (Coopatrans) e a Cooperativa Mista Agropecuária de Tucumã (Coopertuc) foram as representantes do Pará. No total, participaram 700 profissionais envolvidos no setor em 20 país diferentes.
A proposta do Festival Internacional é abrir novos negócios e perspectivas de mercados. O Governo do estado do Pará, através do Funcacau, da CEPLAC (Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira), da SEDAP (Secretaria de Estado de Desenvolvimento Agropecuário e da Pesca), reúne e subsidia a participação de produtores há sete anos.
Atualmente, o Brasil é o 5º país no ranking dos maiores exportadores do Cacau. A Costa do Marfim é o primeiro. De acordo com a Associação dos Produtores de Cacau (APC), atualmente são produzidos cerca de 150mil toneladas por ano do produto e há demanda para 400mil. O consumo de chocolate fino cresce 12% ao ano no Brasil. Em 2009, o Ministério da Agricultura firmou o primeiro convênio com a APC para apoiar a ida de produtores nacionais ao Salão do Chocolate de Paris. A promoção comercial contribuiu para que o cacau fino do Brasil se tornasse matéria-prima para chocolates de marcas reconhecidas mundialmente.
Para o Diretor Gerente da Camta, Ivan Saiki, o diferencial do mercado brasileiro é a preocupação com as questões sociais e ambientais. “O Salão reúne os principais produtores do cacau. Todos os produtos de lá são muito bons. No entanto, a diferença do fruto produzido aqui, principalmente no Pará, é o que tem por trás da produção. O que ela representa para a sociedade e para o meio ambiente. Lá na África tem mão de obra escrava e infantil. Não se tem noção de sustentabilidade e nem de desenvolvimento social. Comprando desses países, se contribui para a manutenção da pobreza, da miséria e de condições desumanas de sobrevivência. Aqui não, trabalhamos com carteira assinada e não tem criança trabalhando. Isso é sustentabilidade. O cacau é uma cultura que preserva o meio ambiente, a que se pese o Sistema Agroflorestal em que nos tornamos referência. Não é simplesmente um cacau, é um cacau que tem sustentabilidade. Grandes indústrias, principalmente a japonesa, estão vindo comprar aqui no Estado por isso”.
COOPERATIVAS
Foi a 4ª participação da Camta no Salão do Chocolate em Paris. A cooperativa recebeu a certificação de “cacau fino”, cedido pelo Festival, que seleciona as 150 melhores amostras de cacau do planeta. A Camta é um dos maiores exportadores do fruto no Estado. Os seus principais mercados são o japonês e o argentino. A Cooperativa trabalha ainda com polpa de fruta, pimenta, óleos vegetais.
A Cooperativa Agroindustrial da Transamazônica (Coopatrans) também participou do evento. Sediada em Medicilândia, a Coopatrans elevou o município à posição de maior produtor de cacau do mundo com uma produção de 35 milhões de toneladas/ano. É a única indústria de chocolates da região Norte que faz todo o processo desde a moagem da amêndoa ao beneficiamento final. Até a embalagem dos chocolates é feita na região, com o artesanato das mulheres dos agricultores a partir da folha da fruta. A cooperativa foi criada como uma alternativa de atividade econômica que respeita o meio ambiente e contribui para o desenvolvimento socioeconômico da Amazônia.
“A região sempre enfrentou muitos problemas de degradação ambiental. Nossa proposta era ser uma iniciativa que gerasse emprego e renda e que alavancasse a economia regional sem comprometer a questão ambiental. Conseguimos provar que é possível criar uma marca preocupada com o desenvolvimento da Amazônia e com a integridade das comunidades locais. Hoje, a CacauWay se destaca e começa a ser reconhecida, chegando também a outras regiões paraenses. A meta é continuar evoluindo para que o chocolate amazônida seja conhecido nacionalmente e até fora do país”, afirma o presidente da Coopatrans, Ademir Venturin.
Para o Presidente do Sindicato e Organização das Cooperativas Paraenses no Estado do Pará (OCB/PA), Ernandes Raiol, o cacau é um negócio em franco desenvolvimento no segmento cooperativista.
“As cooperativas paraenses estão participando dos principais eventos do chocolate e isso é importante para aumentar a visibilidade do mercado brasileiro que era mal visto anteriormente. Há sete anos os produtores brasileiros estão participando e agora o mundo está conhecendo a qualidade do cacau do Brasil. As nossas cooperativas já até ganharam selo de cacau fino. Esse mercado deve crescer ainda mais. O Sistema OCB-PA, que representa o setor no Estado, fará investimento de R$ 100 mil conquistados por meio de chamada pública do Ministério da Agricultura para capacitar e incentivar a produção de cacau orgânico na região oeste do Pará”. (Fonte: Assimp Sistema OCB/PA)
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