Brasileiros conhecem cooperativismo de crédito e agropecuário dos EUA
Curitiba (1º/6) – Os 27 integrantes da quinta turma do Programa Internacional de Formação de Executivos e Líderes Cooperativistas encerraram, nesta quinta-feira (29/5), a missão de estudos pelos Estados Unidos, com visitas a cooperativas dos ramos Crédito e Agropecuário. Eles também estiveram na sede do Conselho Mundial das Cooperativas de Crédito (Woccu).
Fazem parte do grupo, representantes de cooperativas paranaenses destes dois ramos, além da gerente geral da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), Tânia Zanella, do coordenador de Desenvolvimento Cooperativo do Sescoop/PR, João Gogola Neto, e do analista econômico e financeiro do Sescoop/PR, Devair Mem.
Para a gerente geral da OCB, o maior ganho deste módulo foi poder conhecer, com mais profundidade as práticas cooperativistas tanto dos integrantes do grupo quanto dos países visitados.
“Estar perto de outras pessoas que além de pensarem, vivem o cooperativismo é muito rico e, sem dúvida alguma, nos possibilita o aprimoramento dos nossos processos aqui no Brasil. Perceber a força do cooperativismo de crédito no Canadá e a pujança do Ramo Agro nos Estados Unidos, considerando os aspectos econômicos dos dois países, foi de extrema relevância. Constatamos, dentre outras coisas, que eles também enfrentam grandes desafios, assim como nós, ou seja, temos muito trabalho pela frente”, avalia Tânia Zanella.
ROTEIRO – Os brasileiros iniciaram a missão pela América do Norte no dia 18 de maio. O roteiro incluiu visitas a cooperativas e outras instituições ligadas ao cooperativismo do Canadá. A formação é promovida pelo Sistema Ocepar, em parceria com o Sebrae/PR, com objetivo de capacitar os executivos para uma visão internacional de negócios, com base na experiência do cooperativismo de outros países.
CREDIT UNION – No último dia, o grupo foi recebido na CUNA - Credit Union National Association, uma Confederação Nacional de Cooperativas de Crédito, pela diretora de desenvolvimento de negócios, Angela Prestil, pela chefe de publicidade, Ann Peterson, pelo diretor de Comunicação, Christopher Morris, e pela vice-presidente da Aliança de Desenvolvimento, Julie Esser.
Os brasileiros foram informados de que nos, Estados Unidos, as cooperativas de crédito detêm 7% do mercado nacional e os demais 93% estão nas mãos dos bancos comerciais, sendo que os quatro maiores bancos americanos individualmente são maiores que a soma consolidada do sistema de crédito cooperativo.
SISTEMA - O sistema de crédito possui US$ 1,1 trilhão em ativos. São aproximadamente 6,3 mil cooperativas de crédito, com mais de 100 milhões de membros. O número de associados ao cooperativismo de crédito cresce três vezes mais que a população americana. Atualmente há uma tendência de redução do número de cooperativas devido ao processo de fusões e incorporações.
ORIGEM - “Diferentemente do Brasil, onde as cooperativas de crédito na sua grande maioria tiveram início na atividade rural, nos Estados Unidos a origem do cooperativismo de crédito ocorreu através do fomento de empresas comerciais”, afirma o coordenador de Desenvolvimento Cooperativo do Sescoop/PR, João Gogola Neto, que faz parte da quinta turma da formação internacional.
ATIVOS – A maior cooperativa de crédito conta com US$ 66 bilhões de ativos e a menor com menos de US$ 1 milhão de dólares. O ativo médio das cooperativas de crédito é da ordem de US$ 173 milhões. Quarenta por cento das cooperativas de crédito têm, no máximo, cinco funcionários e muitas delas estão vinculadas a associações religiosas.
RESULTADO – O resultado gerado na Confederação não é distribuído diretamente às associadas mas reinvestido em serviços ou então em lobby junto aos poderes legislativo e executivo.
REFERÊNCIA – Os representantes da Credit Union National Association ressaltaram que o modelo de comunicação entre sistemas para acesso a serviços das cooperativas do Brasil é referência inclusive para eles. Durante a visita, também foram apresentados os desafios e detalhes das ações feitas especialmente para atrair o público jovem.
“Eles têm plena convicção de que este trabalho garantirá a continuidade das cooperativas no futuro. Existe um público potencial de aproximadamente 80 milhões de pessoas com idade entre 20 e 30 anos e que sequer conhece o que é uma cooperativa. A idade média dos associados às cooperativas de crédito é de 49 anos”, comentou ainda Gogola.
WOCCU – Depois, os brasileiros seguiram para o Woccu, onde foram recebidos pelo vice-presidente, Victor Miguel Corro. O Conselho Mundial das Cooperativas de Crédito conta com 57 mil cooperativas de crédito sediadas em 103 países de todos os continentes. Segundo Victor Miguel, o desafio é atingir mais de 50 milhões de membros em todos os países no período de cinco anos. Ele fez questão de destacar a velocidade de crescimento das cooperativas de crédito brasileiras, já que o crescimento das cooperativas no Brasil tem uma evolução de 18% contra um índice de 1,95% registrado entre as norte-americanas.
LANDMARK - O grupo esteve ainda na cooperativa Landmark, constituída em 1933, com 15.000 membros e faturamento da ordem de US$ 457 milhões. Foram repassadas informações sobre a estrutura operacional, a capacidade de armazenagem, beneficiamento, secagem, entre outros. Além destes serviços, a cooperativa oferece um sistema de gerenciamento empresarial rural e também concessão de crédito para atividade agrícola. A Landmark conta com uma subsidiária que trabalha na atividade de nutrição animal.
ARMAZÉNS - Aproximadamente 50% da safra é armazenada em silos dos próprios cooperados, construídos em suas fazendas. Ainda está armazenado na cooperativa 40% do milho da última safra e 5% de soja, ou seja, já estão comprometidos com 45% da sua capacidade estática e isto poderá trazer dificuldades na recepção da nova safra.
LEITE - O último compromisso do grupo foi em uma fazenda produtora de leite, que está passando por ampliações mas conta com o rebanho de 2,5 mil vacas leiteiras, com produção média de 31 litros por dia. A estrutura tem capacidade de ordenha de 400 vacas/hora. O local destaca-se pela qualidade das instalações. Os animais ficam em tempo integral em confinamento pois no inverno a temperatura pode chegar a 45° negativos.
AVALIAÇÃO - Após o cumprimento de toda agenda oficial, os integrantes da quinta turma da formação internacional se reuniram para avaliar o módulo. Um dos compromissos firmados foi de elaborar projetos visando aplicar nas cooperativas os conhecimentos adquiridos durante a viagem. “Todos os itens evidenciados serão mapeados para elaboração de um plano de ação e discussão futura. O grupo ainda decidiu fazer visitas a cooperativas do próprio Estado do Paraná, entre setembro e outubro, para troca de conhecimento entre o sistema”, informou Gogola. (Fonte: Assimp Sistema Ocepar)