Brasil precisa voltar a fazer o “arroz com feijão”
Curitiba (28/04) – Um cenário externo mais favorável, por conta da recuperação da economia dos Estados Unidos e de alguns países europeus, e um cenário interno não tão bom assim, e que sinaliza a necessidade de ajustes na política monetária brasileira, independente do resultado das urnas, nas eleições de outubro deste ano.
Este foi o recado do economista Juan Jensen, da Tendências Consultoria, durante a palestra Perspectiva da Economia Brasileira, ministrada na tarde de quinta-feira (24/04), durante o Fórum Financeiro promovido pelo Sistema Ocepar, na sede da entidade, em Curitiba.
Ambiente externo– Em relação ao cenário macro, Jensen explicou que o mundo vem apresentando uma trajetória de recuperação. A economia americana, por exemplo, que sofreu uma forte retração nos últimos anos, com reflexos em todo o mundo, iniciou uma trajetória sustentável de crescimento. Já a economia da Europa passou pelo seu pior momento, quando vivenciou uma violenta retração do PIB por dois anos seguidos (2012 e 2013).
“As economias mais problemáticas dentro da zona do euro voltaram a apresentar crescimento. O caso de destaque é Portugal, uma economia sem acesso aos mercados, com problemas enormes do setor público, em termos de contas externas, mas que fez um ajuste muito forte e está voltando a crescer”, disse o economista.
Mundo emergente – Mas se a situação dos países desenvolvidos é a melhor em relação aos últimos três anos, no grupo de países emergentes o que se vê são cenários diferentes. “No mundo emergente, temos um quadro em que alguns países estão passando por desaceleração, como é o caso da China e do Chile, e economias que estão acelerando, como é o caso do México que está fazendo a lição de casa e tendo reflexos positivos na sua economia, em termos de crescimento. E temos a Argentina e a Venezuela, economias cujo modelo está esgotado, resultando num processo forte de retração do PIB”, contou Jensen.
E o Brasil?– Com uma economia marcada pela forte intervenção do governo e uma política monetária fraca, o Brasil, no âmbito da América Latina, deixou de fazer parte do grupo de países em que a economia interna vai bem. Neste grupo, estão o Peru, Colômbia e Chile, países situados na linha do Pacífico.
Também o México passou a integrar a lista, já que entrou na mesma trajetória de crescimento dos demais países do grupo. Jensen conta que há alguns anos, em meados de 2010, mais precisamente, o Brasil até fazia parte deste grupo, mas mudanças na política monetária e uma maior intervenção do Estado na economia mudou a situação.
“O que temos agora é uma previsão de PIB fraco, fechando em 1,9% este ano e em 2% no ano que vem. A inflação está pressionada, em 6,3% este ano com risco de estourar o teto da meta, porque temos pressões que talvez não se dissipem no horizonte próximo. Ano que vem também teremos pressão inflacionária, por conta da recomposição de preços e tarifas.”
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