Brasil estimula cooperativismo na África

Brasília (30/5/18) – O Sistema OCB trabalha para que as cooperativas cresçam cada vez, afinal, um cooperativismo forte é sinônimo de economia forte, independentemente do lugar. É por isso que OCB e Sescoop têm participado, há alguns anos, do projeto Fortalecimento do Cooperativismo e Associativismo Rural em Botsuana, desenvolvido pela Agência Brasileira de Cooperação (ABC), com apoio movimento cooperativista verde e amarelo.

Botsuana é um país do continente africano com altíssima vocação agropecuária e, por isso, a ideia dos governos botsuanês e brasileiro é estimular a organização e estruturação da produção rural do país, utilizando para isso, o modelo das cooperativas agropecuárias do Brasil.

Uma das ações do projeto ocorreu entre os dias 21 e 25 de maio. Trata-se da missão prospectiva em Botsuana, que avaliou os impactos da primeira fase do projeto. Os brasileiros puderam verificar, in loco, como a experiência das cooperativas do Brasil tem contribuído para, de fato, fortalecer a economia botsuanesa. A missão também discutiu os detalhes das próximas etapas do projeto.

CARRO-CHEFE

O setor agrícola em Botsuana é responsável pelo sustento de cerca de 90% da população rural do país. Apesar disso, ele representa, atualmente, apenas 3% do PIB anual, segundo informações do Ministério de Desenvolvimento Agrícola e Segurança Alimentar (MDASA) da nação africana.

“A exploração de minerais, como o diamante, ainda é a principal atividade comercial deles e, em meio a essa realidade, o desemprego na área rural, principalmente entre os jovens, tem crescido cada vez mais. Nesse cenário, o cooperativismo pode se tornar uma grande ferramenta de combate ao desemprego e, ainda, de fortalecimento da segurança alimentar no país”, comenta o presidente do Sistema OCB, Márcio Lopes de Freitas.

EXPERIÊNCIA VERDE E AMARELA

Com o objetivo de encontrar alternativas e soluções que ajudem a resolver os problemas socioeconômicos e alimentares do país, o governo de Botsuana buscou o apoio técnico do Brasil para o desenvolvimento de um projeto de fortalecimento de seu cooperativismo rural.

A iniciativa se concretizou por meio de um projeto de cooperação técnica, promovida pela ABC e apoiada pelo Sistema OCB, por meio da transferência de conhecimento e organização de cursos de capacitação, envolvendo tanto a doutrina cooperativista quanto a gestão eficiente de cooperativas. Do lado botsuanês, o projeto é conduzido pelo MDASA, em parceria com o Ministério do Investimento, Comércio e Indústria (MITI).

NA PRÁTICA

A primeira fase do projeto, que durou três anos (2014-2017), promoveu importantes avanços no setor. Após capacitações oferecidas no Brasil e em Botsuana, pelo Sistema OCB, a comunidade rural de Kweneng Norte decidiu fundar uma cooperativa para otimizar a produção e comercialização das hortaliças produzidas na região.

Assim, foi constituída a Sociedade Cooperativa dos Horticultores de Kweneng North, a primeira da região, criada a partir do modelo brasileiro e completamente apoiada pelo Sistema OCB.

Apesar dos poucos meses de funcionamento, os cooperados já começam a ver os primeiros resultados. Recentemente, ganharam uma licitação para fornecer seus produtos ao Ministério da Defesa de Botsuana, assumindo a responsabilidade de prover parte dos alimentos servidos aos soldados do país.

ESTÍMULO

A cooperativa vende também para redes de varejistas e participa de eventos como o “Dia de Mercado”, ação promovida pelo governo local e que reúne diversos outros produtores, suas cooperativas e associações, para a comercialização direta dos produtos.

O evento é destinado tanto a pessoas físicas quanto empresas e instituições públicas e, serve para colocando os produtores em contato direto com o consumidor final. Entre os principais alimentos cultivados nos campos botsuaneses estão: abóbora, acelga, alface, batata, batata doce, beterraba, brócolis, cebola, cenoura, couve, frutas cítricas, melancia, pimenta e tomate.

CAMINHO CERTO

Em uma visita a três propriedades de Kweneng North, realizada por uma delegação brasileira da ABC e da OCB, foi possível visualizar o comprometimento dos produtores com o sucesso da prática cooperativista em Botsuana.

Mesmo diante de grandes desafios como coleta, armazenamento e distribuição apropriada dos alimentos, diversificação de culturas, custo dos insumos e acesso ao mercado, por exemplo, é unânime o sentimento, tanto dos representantes do governo do país africano quanto dos produtores rurais, integrantes do projeto, de que estão no caminho certo.

“Ao longo dos quase 120 anos de atividade, as cooperativas brasileiras já passaram por muitos desafios e crises. Tivemos problemas com tecnologia, gestão e normativos legais, por exemplo. Mas, graças ao DNA cooperativista – o trabalho coletivo e a vontade dos cooperados de levar o movimento adiante – temos conseguido trilhar um caminho que nos permite, por conta da experiência centenária do nosso cooperativismo, contribuir com a transformação da realidade de Botsuana. É um prazer e um dever nosso de ajudar a construir, hoje, o futuro que queremos e merecemos”, conclui Márcio Freitas.

Fotos: ABC

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