Asic 2008 debate impactos do aquecimento global

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Entre as 371 apresentações científicas apresentadas na 22nd International Conference on Coffee Science (Asic 2008), esteve hoje (18/9), a palestra sobre os impactos das mudanças climáticas sobre a produção de café arábica e robusta. O tema foi  apresentado por Marcelo Paes de Camargo, pesquisador do Instituto Agronômico de Campinas (IAC), entidade que realiza a conferência no Brasil.

Camargo apresentou a climatologia e a aptidão para a produção de café arábica e robusta no Brasil e nos principais países produtores. “Para a cafeicultura, o aquecimento global é, sim, preocupante. Mas não se trata de uma situação catastrófica a ponto de, no Brasil, por exemplo, fazer a produção cafeeira migrar para a região sul”, afirmou Camargo.

A Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) é uma das instituições patrocinadoras da Asic 2008, considerada a mais importante conferência internacional de ciência de café no mundo. Acontece até amanhã (19/9), na Casa de Campo do The Royal Palm Plaza Hotel, em Campinas (SP).

O pesquisador abordou questões como manejo, adaptações e mitigações (reduções de dano) agronômicas. Segundo ele é possível tornar o ambiente mais ameno para o cultivo do café com adaptações técnicas e tecnológicas como arborização, irrigação, manejo do mato (que protege o solo e mantém o microclima mais ameno) e plantio adensado (mais junto), entre outras.

“Os cafeicultores terão de fazer adaptações em suas plantações para manter a produtividade e a qualidade do café, fatores onde se darão os maiores impactos das alterações climáticas do aquecimento global”, explica Camargo. Ele informou ainda que, de acordo com o mais recente relatório do painel intergovernamental sobre mudança de clima, nas áreas tropicais do Brasil, a temperatura global deve aumentar entre 1ºC e 5.8ºC e, a precipitação, em 15%, uma previsão que, segundo ele, pode causar uma forte diminuição da produção de café do País.

Participantes da 22ª Conferência
Internacional do Café visitam IAC

Os avanços da pesquisa científica cafeeira, abordados na 22nd International Conference on Coffee Science - ASIC, no formato pôster e apresentação oral, destacam-se pela abrangência dos tópicos de discussão e por envolverem pesquisadores de diferentes áreas do conhecimento, seja da produção, da industrialização e do consumo.

O roteiro tecnológico incluiu visitas nesta quarta-feira (17/9) ao Imperial Instituto Agronômico de Campinas (IAC), instituição anfitriã da Conferência, e à bicentenária fazenda cafeeira Tozan. Desde sua fundação em 1887, por D. Pedro II, o IAC enfrenta desafios para atender à velocidade e às demandas no contexto do agronegócio, sobremaneira na área de melhoramento genético do cafeeiro, com programas que resultaram em cultivares utilizadas em cerca de 90% do parque cafeeiro nacional e em outros países produtores.

Na história da ciência brasileira, alguns nomes ficaram marcados com a genialidade de suas descobertas e dedicação ao trabalho, como o destacado Carlos Arnaldo Krug e o e renomado cientista Alcides Carvalho. Com o apoio do Consórcio Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento de Café (CBP&D/Café), a equipe multidisciplinar do Centro de Análise e Pesquisa Tecnológica do Agronegócio do Café “Alcides Carvalho” desenvolve projetos visando cultivares mais tolerantes à seca, a pragas e a doenças, sistemas adequados de plantio e manejo da lavoura, química de solos, agroclimatologia, manutenção do banco de germoplasma, biotecnologia, processamento, qualidade de café e fisiologia do cafeeiro.

Atualmente, a identificação de plantas tolerantes a seca e ao calor tem sido o foco dos estudos, em vista das preocupações de aquecimento global e mudanças climáticas. Estudos com o café robusta como  nova opção aos cafeicultores paulistas também tem sido objeto das pesquisas.   

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