21/01/2011 - Copersucar faz joint venture na área de frete

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Fabiana Batista | De São Paulo

A Copersucar, maior comercializadora de açúcar e etanol do país, que nesta safra 2011/12 deve faturar R$ 14 bilhões, anunciou ontem a criação de uma empresa de afretamento marítimo em parceria com o grupo Jamal Al-Ghurair (JAG) - que, entre outros negócios, é dono da Al Khaleej Sugar (AKS), a maior refinaria de açúcar do mundo, localizada em Dubai.

A nova empresa, batizada de Copa Shipping Company Limited, num primeiro momento fretará navios para as cargas da Copersucar e da AKS, mas numa segunda etapa também atenderá terceiros. Copersucar e a JAG detêm cada uma 50% da companhia.

Sem grandes investimentos, por se tratar de uma prestadora de serviços, a Copa Shipping começa a operar neste primeiro trimestre, com sede em Dubai e escritório em São Paulo. O volume movimentado na safra 2011/12 será de cerca de 5 milhões de toneladas de açúcar, e contemplará os volumes enviados de açúcar bruto pela Copersucar à Dubai e os de produto refinado exportados pela AKS.

Há potencial, segundo Paulo Roberto de Souza, presidente da Copersucar, para que esses volumes subam para entre 7 milhões e 8 milhões de toneladas no médio prazo. Além de açúcar, a nova empresa também afretará navios para etanol. Neste ano, os 600 milhões de litros a serem exportados pela Copersucar já vão estrear o novo serviço.

A parceria faz parte da estratégia da Copersucar de avançar em toda a cadeia logística para açúcar e etanol. Souza explica que assumir o controle sobre o afretamento de navios se fez necessário para melhorar a administração do fluxo logístico da empresa "Se o embarque na ponta atrasa, toda a cadeia para trás é prejudicada. A ferrovia, por exemplo, que é um modal em expansão na Copersucar, não pode parar por conta desse tipo de problema".

Chegar a esse nível de verticalização logística só foi possível, segundo ele, porque atualmente 80% do volume de açúcar exportado pela empresa - neste ano serão 6 milhões de toneladas - são de contratos de longo prazo.

Com estabilidade de volumes e destinos, a empresa precisará agora converter os contratos com clientes, de forma que 70% deles tenham a entrega do produto no destino final sob a responsabilidade da Copersucar (CIF - Cost, Insurance and Freight), percentual que atualmente é de 30%.

Para isso, detalha Souza, parte da economia com frete obtida com a Copa Shipping será repassada aos clientes como contrapartida para essa mudança do regime de entrega da mercadoria - de CIF para FOB (Free on Board).

Com capacidade para refinar 2 milhões de toneladas de açúcar por ano, a AKS é a maior cliente individual da Copersucar que, por questões contratuais, não revela o volume vendido à agora sócia. "Atendemos a maior parte dessa demanda", resume Souza.

Exigências mudam para novos sócios

De São Paulo

Com participação de 22% na moagem de cana-de-açúcar do Centro-Sul, a Copersucar deve endurecer a partir de agora os critérios de entrada de novos sócios. Sem mencionar valores, Luiz Roberto Pogetti, presidente do conselho de administração da Copersucar, afirma que o ponto-chave deve passar pelo preço pago pelas cotas da empresa aos novos membros.

A última leva de usinas sob as antigas condições foi anunciada ontem. Um grupo de seis unidades industriais - grupo Virálcool, usinas Pitangueiras, Caçu, Decal e Rio Verde - que reúnem moagem de 10 milhões de toneladas - vai elevar a comercialização de açúcar e etanol da Copersucar para o equivalente a moagem de 135 milhões de toneladas de cana, das quais 15 milhões de toneladas de associadas. Em produto, os números totais da temporada 2011/12 devem ser de venda de 8,1 milhões de toneladas de açúcar e 5,2 bilhões de litros de etanol, avanço de 27% e 25% respectivamente.

A revisão das condições, diz Pogetti, vem para responder à mudança de patamar da empresa. Desde que se tornou uma Sociedade Anônima (S.A.), em 2008, a Copersucar agregou expertise em trading e logística que trazem um EBITDA (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) da ordem de 6% do faturamento - que em 2010/11 foi de R$ 11 bilhões e que em 2011/12 deve avançar 27%.

A empresa também tirou da gaveta o antigo plano de abrir capital em bolsa de valores. Isso para fazer frente à antecipação para três anos dos investimentos de R$ 1,5 bilhão quer seriam feitos em logística ao longo de cinco anos, segundo Pogetti.

Abrir capital em bolsa é uma das alternativas de financiamento em estudo, pondera Pogetti, mencionando que a empresa já detém custos de captação de dinheiro compatíveis com as empresas de mais baixo risco de crédito do mercado. "A decisão final sobre a melhor forma de financiar esses investimentos será dada no segundo semestre", avisa. (FB)


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