07/02/2011- Geithner e Mantega buscam agenda comum
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Lu Aiko Otta - O Estado de S.Paulo
Depois de trocarem farpas em novembro passado por causa de uma injeção de US$ 600 bilhões na economia americana que agravou o problema da valorização das moedas de países emergentes, o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Timothy Geithner, e o ministro da Fazenda brasileiro, Guido Mantega, se encontram hoje.
A reunião visa preparar a visita do presidente dos EUA, Barack Obama, ao País em março. Geithner será recebido também pela presidente Dilma Rousseff.
Os dois comandantes da área financeira têm um desafio: propor medidas concretas a serem anunciadas por Dilma e Obama. No Planalto, a ordem é transformar o encontro dos dois chefes de Estado em uma estreia marcante de Dilma no cenário internacional.
Para tanto, é preciso ter resultados a mostrar.
Do lado americano também há intenção em estabelecer uma relação de qualidade com o Brasil. A vinda de Geithner, uma autoridade do primeiro time governamental, dá o tom do que esperam os americanos.
Relação. O desejo de estabelecer uma relação com os EUA mais próxima do que se viu no governo Lula contaminou até o ministro Mantega, que nunca hesitou em apontar a responsabilidade dos EUA na chamada "guerra cambial".
Ele não pretende abrir mão de seus pontos de vista nem deixará de pontuá-los, mas pretende ser mais suave nas manifestações públicas, segundo se comenta nos corredores do Ministério.
Mantega e Geithner têm alguns pontos nos quais poderão trabalhar juntos como tentar retomar um grupo bilateral dedicado a discutir medidas para o crescimento econômico.
Esse grupo foi criado no início do governo Lula e se reuniu um par de vezes, mas se encontra desativado. Esse seria o exemplo de uma medida concreta a ser anunciada pelos dois presidentes.
Commodities. Brasil e EUA também poderão se alinhar para resistir às pressões da França, que quer propor regulação dos preços das commodities na reunião do G-20, marcada para os dias 18 e 19 próximos, em Paris.
Os dois países são exportadores desses produtos. O Brasil é contra a regulação dos preços. Entende que a recente alta das cotações é efeito de causa estrutural (ingresso de novos consumidores de alimentos no mundo) e de causa conjuntural (quebras de safra em países produtores).
Não há, porém, uma orientação para que Brasil e EUA procurem formar uma plataforma comum para a reunião do G-20, até porque há pontos de divergência.
Os americanos querem, por exemplo, que o Brasil se alie a eles na condenação da China pela "guerra cambial". O governo brasileiro, porém, entende que os EUA são igualmente responsáveis pelo problema. Mantega deverá repetir isso a Geithner hoje.
O principal interesse do governo brasileiro no G-20 também é um ponto no qual não há entendimento com os EUA. O Brasil vai copresidir, ao lado da Alemanha, um grupo de trabalho que vai discutir o problema de fluxos de capital no mundo.
Veículo: O Estado de S. Paulo
Publicado em: 07/02/2011 - 09:49