01/06/2010 - BC anuncia fim do "crédito da crise" e prevê mais aportes
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Fernanda Bompancom agências
SÃO PAULO - A última parcela das operações pelo Banco Central (BC) de empréstimos a bancos nacionais, retirados das reservas internacionais do Brasil, informou, ontem, o BC. Para economistas, é mais um sinal de que a economia brasileira está em ótima fase, podendo ter como consequência o aumento de investimentos no País.
O economista e diretor da corretora Nunes & Grossi Seguros, Keyton Pedreira, afirma que a notícia sobre a liquidação dos empréstimos do BC apresenta apenas "bônus e não ônus". "As reservas internacionais foram recompostas, mas, em função do montante de empréstimos [US$ 10,9 bilhões], as concessões não devem afetar o cenário econômico, como influenciar no câmbio, por exemplo. O resultado é mais psicológico, isto é, o mercado avalia que as empresas reagiram bem pelo fato da liquidação se dar antes mesmo do vencimento e o quadro possibilita elevar investimentos", argumenta.
Com base em nota divulgada pelo BC, os empréstimos foram concedidos entre outubro de 2008 e abril do ano passado, cujo foco era elevar a liquidez do mercado financeiro e o adequado funcionamento da economia brasileira durante a recente crise financeira internacional.
Durante aquele período foram realizados 11 leilões, que resultaram em 137 contratos de empréstimos com 31 instituições financeiras nacionais.
De acordo com analistas, os empréstimos concedidos pelo BC foram importantes não só para os bancos, a fim de restabelecer a própria liquidez em moeda estrangeira - um dos principais impactos da crise internacional -, como também possibilitaram que as instituições financeiras tivessem condições para liberar empréstimos a exportadores e pagamento de compromissos externos por empresas não financeiras. Segundo a nota, dentro do montante, as operações possibilitaram o financiamento de mais de 12.500 contratos de adiantamento de exportação e de 197 contratos de outras modalidades.
"A ausência de demanda por novos empréstimos a partir do segundo semestre de 2009 e a liquidação antecipada de grande parte dos valores emprestados demonstraram a força da economia brasileira na superação dos impactos sofridos como consequência da crise financeira internacional", diz o texto.
Para Pedreira, é mais uma comprovação da rápida retomada do Brasil depois da crise, como também mais um fator para deixar o País em destaque no cenário internacional.
Na nota, o BC não informa o valor da última parcela que foi liquidada, mas, na semana passada, o chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, havia informado que restavam apenas US$ 1 milhão para retornar ao caixa das reservas internacionais brasileiras. Na sexta-feira, as reservas brasileiras fecharam em US$ 249,054 bilhões, com queda de US$ 351 milhões ante os US$ 249,405 bilhões do dia anterior.
Economia brasileira
Segundo o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, o País já retirou grande parte das medidas de incentivo à economia, realizadas durante a crise financeira. Meirelles disse que o fato do Comitê de Política Monetária (Copom) ter elevado a taxa básica de juros (Selic) de 8,75% para 9,50% ao ano demonstra uma fase estável da política monetária.
"O Brasil mostrou como reagir à crise", afirmou Meirelles durante evento em São Paulo, acrescentando que uma política com austeridade e estímulo fiscais (redução do IPI), assim com controle inflacionário, além do câmbio flutuante foram importantes para o País estar bem posicionado perante o cenário mundial.
O presidente do BC disse também que as expectativas de inflação do mercado nos últimos anos foram ancoradas como resultado da correta implementação do Regime de Metas de Inflação no Brasil. Em sua apresentação no evento em São Paulo, Meirelles citou, entre outros números, a expectativa arredondada de crescimento do PIB em 2010 (6,5%) observada na pesquisa Focus e também a projeção de 7,1% para taxa de desemprego em 2010, resultado do cálculo com ajuste sazonal a partir da taxa de desemprego divulgada pelo IBGE em março (7,6% sem ajuste).
O presidente da autoridade monetária considerou, ainda, positivo o debate sobre a necessidade de o BC operar com total independência do governo. Ele comentou que é positivo o fato de esse tipo de debate ser levantado pelos pré-candidatos à Presidência da República (Dilma Rousseff, do PT, e José Serra, do PSDB) .
"É necessário debater mesmo, já que isso também vem acontecendo em todo o mundo, como por exemplo, na Inglaterra, onde estive recentemente", disse.
Meirelles afirmou também que está de olho no que vem acontecendo nos Estados Unidos e nos países da zona do euro.
"É objeto de preocupação para todos. Vamos observar detalhadamente para ver a duração e qual será a real dimensão dos ef"