Rendeiras de PE participarão da ICA Expo
A renascença de Pesqueira (PE) e o bordado de Limoeiro (PE), que estão entre os mais belos e sofisticados artesanatos do Brasil, ganharão novo visual para sua primeira exposição no exterior, a ICA Expo World Co-operatives Exhibition (Feira Internacional do Cooperativismo). O evento será em outubro, em Lisboa, Portugal, e reúne mais de 80 países.
Para atingirem o padrão de qualidade exigido para a feira, as artesãs participam do curso "Linhas que traçam renda", conduzido pela estilista cearense Icléa Coutinho. Nas aulas, rendeiras e bordadeiras desenvolvem coleções exclusivas, que prometem dar outra roupagem a essa arte.
Maria do Socorro Taveira, coordenadora da Cooperativa Mista dos Artesãos do Agreste e Sertão de Pernambuco (Comaspe), com sede em Pesqueira, promete mudanças na renascença. “Vamos aproveitar a feira para inovar nossa produção. Em breve, os admiradores da nossa renda comprarão peças modernas e mais baratas”, ressalta. Taveira destaca que, apesar da inovação, não deixará de lado a cultura que há por traz da renascença.
Até que o material fique pronto, as rendeiras aprendem novas formas de criar, modelar e montar. As aulas, oferecidas pelo Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo do Estado de Pernambuco (Sescoop/PE), são gratuitas. Icléa Coutinho afirma que a capacitação nas duas cidades será permanente. “As artesãs vão se reciclar e acompanhar as tendências da moda. Esse é o primeiro passo para criarmos na região um núcleo de design e exportação”, adianta.
A estilista destaca que o artesanato das duas cidades será feito de forma mais rápida e menos dispendiosa. “Em Pesqueira, por exemplo, o que se via eram peças inteiras em renascença. A renda, agora, vai compor os detalhes. Isso vai valorizar a produção e torná-la menos trabalhosa. Os consumidores vão comprar os produtos por um valor inferior ao que é vendido hoje”, garante.
Desenhista oficial da Comaspe, Maria Izabel Leite, 45, aprendeu os primeiros pontos da renascença quando tinha 8 anos de idade e fez desta arte sua única profissão. “A renascença sustenta muitas famílias em Pesqueira e atrai compradores de todo o Brasil. Mas chega uma hora que a gente fica repetitiva. Para não cansar o consumidor, o trabalho precisa ser reconstruído”, julga.
Desafio - Iraci de Lima é responsável pelo setor de vendas da Cooperativa de Produção Artesanal e Industrial de Limoeiro (Cooparmil), em Limoeiro. Ela diz que as artesãs encararam as mudanças como desafiadoras. “Estamos aprendendo a fazer algo inédito: a gente nunca bordou vestuário, só cama e mesa.”
Enquanto as mais de 300 cooperadas produzem, o Sescoop viabiliza a comercialização. “Elas têm produtos de boa qualidade e a feira será uma oportunidade garantida de vendas. Vamos expor peças originais e com valores agregados, visando alcançar compradores locais e internacionais”, destacou a superintendente do Sescoop/PE, Cleonice Pedrosa. “Pesqueira tem rica tradição de renda e Limoeiro produz peças belíssimas em algodão puro e misto. Com a consultoria da estilista, vamos desenvolver coleções baseadas na flora e fauna brasileira e fazer uma interação, misturando o bordado e a renda em algumas peças, criando algo único”, complementa Cleonice.
Uma consultoria de Capinas, em São Paulo, foi contratada para estudar as peças, elaborar as embalagens e acompanhar as negociações. “As vendas serão feitas através de um sistema de franquias. Vamos produzir para abastecer determinadas lojas”, avisa a superintendente. Hoje, a remuneração mensal de cada artesã chega a R$ 65 (Pesqueira) e R$ 250 (Limoeiro). “Com tanta inovação, dentro de um ano cada artesã envolvida no projeto deverá ganhar um salário mínimo por mês”, prevê Cleonice. (Com informações OCB-Sescoop/PE)