O cooperativismo pelo mundo

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Curitiba (15/05) - "Superar um passado de segregação e fomentar as cooperativas para que se consolidem e ampliem sua presença em todos os ramos econômicos." "Diminuir distâncias e criar laços de confiança entre as cooperativas dos países dos Brics, para que negócios duradouros possam acontecer." "Popularizar o modelo do cooperativismo de negócios sustentáveis, atraindo mais mulheres e jovens para o movimento." "Trabalhar em conjunto no desenvolvimento de tecnologias, educação cooperativista, formação de profissionais e intercâmbio de experiências nos mais variados setores." Essas foram algumas das considerações apresentadas pelos representantes das delegações do Brasil, da Rússia, da Índia, da China e da África do Sul hoje pela manhã, logo após a abertura oficial do IV Encontro de Cooperativas dos países do BRICS.

A primeira das afirmações foi colocada pelo enviado especial da África do Sul ao evento, Jeffrey Ndumo, destacando os principais desafios do movimento em seu país. “Somente a partir de uma lei aprovada em 2005, é que o cooperativismo tornou-se possível para todos os cidadãos sul-africanos. Antes, organizar-se em cooperativas era proibido aos cidadãos negros”, lembrou.

“Temos numerosas cooperativas, instituições jovens que precisam de apoio para se desenvolverem”, ressaltou. Segundo Ndumo, a maioria das cooperativas do país atua no setor primário, principalmente na agricultura e o desafio é estimular que os empreendimentos cooperativistas também cresçam nos demais setores da economia. Atualmente, existem 86 mil cooperativas na África do Sul.

Em seguida, o representante da delegação chinesa ressaltou que a aproximação entre os países do BRICS deve ser o norte das discussões envolvendo as nações emergentes. Na ocasião, Xu Ming Feng falou sobre o sistema cooperativista chinês, especialmente da atuação da China Coop, a maior central de cooperativas do país asiático.

“As discussões envolvendo os países emergentes precisam criar relações de comprometimento entre as cooperativas, para que canais de negócios surjam e favorecem a integração e o comércio intercooperativo. Para que ampliemos os negócios, precisamos saber com quem negociar. Por isso, reafirmamos a necessidade de desenvolver laços de confiança e intercooperação”, disse. A China Coop tem mais de 90 mil cooperativas filiadas.

Na sequência, foi a vez da Índia. No país com mais de 1,2 bilhão de habitantes, o cooperativismo desempenha importante função para o desenvolvimento econômico e social, sobretudo nas populações mais pobres. Importância social reconhecida pelo governo, que considera o sistema cooperativista parceiro na implantação de políticas públicas que reduzam a desigualdade e a miséria.

“A Índia foi o primeiro país do mundo a declarar o cooperativismo um direito fundamental de cidadania”, ressaltou Dalip Sing, secretário adicional para o cooperativismo do Ministério da Agricultura da Índia. O país tem 6 milhões de cooperativas, que congregam 240 milhões de cooperados. “Precisamos popularizar o modelo do cooperativismo de negócios sustentáveis, atraindo mais mulheres e jovens para o movimento. Outro desafio é melhorar a imagem das marcas das cooperativas”, disse.

Sing acredita que a intercooperação entre as cooperativas dos países BRICS tem amplas possibilidades de se intensificar. “Podemos abrir mais canais de negociação e dividir nossas experiências exitosas”, concluiu.

Finalizando, a representante da delegação russa afirmou que, em algumas regiões remotas de seu país, os serviços comerciais só são possíveis porque as cooperativas estão presentes. Essa presença é importante também para o desenvolvimento da infraestrutura rural, ressaltou a consulesa Ekatarina Spitsyna.

Durante sua apresentação, demonstrou o trabalho da federação das cooperativas de consumo CentroSujuz, que gera 210 mil empregos diretos. Somente na área rural, as cooperativas ligadas à Federação congregam 11 milhões de produtores, que conseguem crédito com taxas diferenciadas.

Quanto à intercooperação entre os Brics, ela considera que o trabalho pode ser intensificado. “Poderemos trabalhar em conjunto no desenvolvimento de tecnologias, educação cooperativista, formação de profissionais e intercâmbio de experiências nos mais variados setores, assim como no fomento dos ramos saúde e turismo”, concluiu. (Com informações do Sistema Ocepar)

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