AGRONEGÓCIO: Abag realiza congresso sobre logística e infraestrutura
São Paulo, 6/8/2013 – Lideranças cooperativistas e empresários do agronegócio brasileiros reuniram-se ontem, na capital paulista, para participar do 120 Congresso Brasileiro de Agronegócio – Logística e Infraestrutura, promovido pela Associação Brasileira do Agronegócio (ABAG). Transmitido ao vivo pela internet, o evento debateu os gargalos da infraestrutura de transporte de carga e logística no Brasil e seus reflexos na competitividade do agronegócio.
O Brasil tem investido, anualmente, cerca de 0,36% do Produto Interno Bruto (PIB) no setor. Nos outros países do bloco econômico dos BRICs esse percentual é significativamente maior: Rússia 7%, Índia 8% e a China 10%. Estima-se que a taxa de investimento para atender às demandas brasileiras nessa área seria de, no mínimo, 2% do PIB.
“A falta de investimento em diferentes modais de transporte e a precariedade das estruturas utilizadas no escoamento fazem com que os produtos do agronegócio brasileiro percam competitividade”, avaliou o presidente do Sistema OCB, Márcio Lopes de Freitas.
Expansão da Oferta - O diretor-presidente da Cooperativa Agrária, Jorge Karl, participou do painel “As oportunidades e as dificuldades para o aumento da oferta”, citando o quanto o gargalo logístico contribui para o aumento dos custos e a diminuição da competitividade do agronegócio. Um exemplo disso são os preços dos fretes pagos entre Sorriso (MT) e o porto de Paranaguá, no Paraná, que passaram de R$ 190 à R$ 270 por tonelada.
Karl ressaltou a importância e a contribuição das cooperativas brasileiras para o sistema de armazenagem, prestando os serviços de recebimento, secagem e classificação dos produtos de forma eficiente e viabilizada, a baixo custo, em função da economia de escala. “As cooperativas também têm papel fundamental na transferência de tecnologias e no potencial de aumento da produtividade”, analisa.
Ainda de acordo com o presidente da Agrária, os investimentos em logística foram muito aquém do necessário por muitos anos. Por isso, deve-se buscar soluções com urgência. “No momento, o que interessa em logística é discutir dólares por tonelada: quanto custa a armazenagem e quanto custa o transporte, buscando sempre a maior rentabilidade”, finalizou.
O 12º Congresso Brasileiro de Agronegócio – Logística e Infraestrutura da Abag também contou com as ilustres presenças do embaixador internacional do cooperativismo, Roberto Rodrigues; do conselheiro da Aliança Cooperativa Internacional, Américo Utumi; do presidente da OCB-MS e diretor da Organização das Cooperativas Brasileiras, Celso Régis; do presidente do Sistema Ocemg, Ronaldo Scucato; do coordenador do Conselho Consultivo do ramo Agropecuário da OCB, Roberto Baggio; do diretor da Federação das Cooperativas Agropecuárias do Estado do Rio Grande do Sul (Fecopar), Paulo Pires e do gerente do Sistema OCepar, Flávio Turra;
Políticas essenciais e o balanço das oportunidades e dificuldades
1. Apesar dos recordes sucessivos da safra brasileira e da modernização do processo produtivo, os sistemas de transporte e de armazenamento constituem graves entraves ao desenvolvimento contínuo. Constituem pontos frágeis que comprometem um melhor desempenho e a expansão do agronegócio no Brasil.
2. O caminho da fazenda até o porto de exportação num país de grande dimensão territorial como o Brasil é muito longo. Além de um bom sistema de transporte, principalmente nas propriedades rurais, há necessidade de silos para estocagem dos produtos.
3. A soja sai do campo 10% mais competitiva do que a dos Estados Unidos, para chegar à China 10% mais cara.
4. O custo no Brasil para transportar um contêiner da origem até o Porto brasileiro é de US$ 1.790,00, enquanto nossos concorrentes transportam por US$ 621,00.
5. Cada contêiner movimentado no Porto de Santos custa US$ 360,00, contra US$ 190,00 no Porto de Roterdã, na Holanda; US$ 270,00 em Hamburgo, na Alemanha, e US$ 197,00 em Cingapura.
6. A capacidade dos portos brasileiros esta praticamente esgotada para atender a demanda crescente a cada ano. Com uma movimentação de 830 milhões de toneladas, projeta-se uma movimentação de 1,2 bilhões de toneladas para 2017. Nesse compasso, o déficit alcançará o montante de 370 milhões de toneladas.